É da dor e da humilhação que sofri que sou a pessoa que sou hoje.
Para sobreviver, aprendi a não chorar.
Engulo o choro, e se tiver mesmo de ser, que chore enquanto grito.
Berro para libertar mais facilmente. E, no fim, sorrio. Porque já passou.
E liberta tanto, tanto mesmo...
Liberta o que mais há de selvagem em mim.
Mesmo chorando por algo que magoa, sinto vontade de matar. De fazer sofrer. De ver o Mundo ao mesmo nível que eu.
Mas aprendi a fazer de tudo para evitar situações em que chore.
Depois, mesmo vendo coisas que magoem, e apesar de as sentir, passo a ignorar.
Ignoro. Vejo coisas a que antes chorava, agora fico apenas calada e fria.
Vejo os outros sofrer, a sucumbir por não aguentarem aquele momento.
Vejo pessoas a sofrer por minha causa. Novamente fico calada e fria.
Vejo pessoas erguerem-se. Pergunto-me onde arranjam tanta força.
Vejo que se não fosse a dor, não seria nem pensava assim. E há quem tenha o descaramento de me dizer que devia ter vergonha das humilhações que passei. Tenho é vergonha da pessoa que me disse isto, e de a ver respirar o mesmo ar que eu. Odeio-a.
Vejo e sinto muito. E ainda cá estou, com orgulho e a lamentar-me.
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