Quantos me vêem?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Efémera (2ª parte)

 Revivam a Efémera

Esta é a continuação da "Efémera".
O link acima leva-vos ao primeiro texto.

- Olá Gabi, como estás?
- Olá Nica, eu estou bem, embora dorida de uma sessão anterior. E tu?
- Eu acabei de servir.
- Nota-se, esse chupão não passa despercebido.
Olhou em volta, e viu que faltava alguém.
- Onde pára a Bia?
- Bia? Ah, a Beatriz...Essa apaixonou-se. Foi o seu maior erro, porque o homem deixou-a pior do que quando aqui chegou. Não sabias?
- Não. É o preço que os sentimentos nos fazem pagar.
Um homem aproximou-se de Gabi.
- Coelhinha, posso caçar-te?
Gabi olhou discretamente para Verónica, ao qual esta respondeu com um leve aceno. Gabi foi com o homem para fora do bar.
Verónica bebeu e conversou com Heitor, o barman, sobre Bia, sentimentos, a arte e tudo o mais.
- Nica, por favor, não cometas o grande erro de sentires.
Bebeu um último gole.
- Descansa Heitor, tu precisas. Orienta-as e boa noite.
Já no apartamento, tomou banho, besuntou-se com cremes para as dores musculares e a algum custo adormeceu.
"Aproveitem enquanto podem, meninos. Os sentimentos são uma bomba prestes a explodir. Em mim." - pensou.
Nessa noite sonhou com um labirinto.
Passou-se cerca de uma semana, talvez pouco, até à sessão seguinte.
Desta vez trocaram poucas palavras.
A sua linguagem resumira-se aos gestos, olhares, murmúrios e a arte.
Ele quis tê-la por mais tempo, e por mais vezes.
Ela chegava a visitá-lo quase todos os dias, tal a sua teimosia.
E quando ela tinha de se ir embora, ele queria obrigá-la a ficar com ele, mas Verónica sempre lhe soube dar a volta.
Numa noite, não houve arte.
- Então vim para quê?
- Não voltarás ás ruas.
- E és tu quem mo diz? As ruas são nossas.
- Tuas deixaram de ter. Passarás as noites aqui, viverás aqui. A tua vida será aqui.
- Endoideceste!?
- Sim.
Ricardo tremia e suava. Cerrava os punhos, e Verónica temeu que fosse espancada ali e agora.
Mas ele não levantou os punhos.
- Estou doido, por uma prostituta.
Verónica temeu o pior.
- Esta é a última vez que me vês. Temos arte ou não?
- Ainda não percebeste!? Estou perdido, louco, doido, chama-lhe o que quiseres, mas estou apaixonado por ti.
Ricardo pegou em Verónica e beijou-a.
Ela estremeceu, e, com um leve gaguejo, disse:
- Sou uma prostituta. O meu dever é dar prazer, de qualquer modo. Emoções e sentimentos não são connosco. Isso é assunto vosso e não nosso!
- Tens uma vida desgraçada, és de todos e não és tua. Quero salvar-te da vida miserável que levas, quero ter-te ao meu lado, amar-te como quiseres. Amo-te, entende.
- Tenho esta vida porque quero. Foi o que escolhi, e gosto da vida que levo. De dia sou normal, de noite sou a Verónica que conheces, a verdadeira Verónica. Deixa-me ter a minha vida!
Por esta altura já estavam aos berros.
- Não te quero ouvir mais! Já disse, amo-te.
Verónica também sentia algo, mas não o quis admitir. Não era dever dela sentir.
A algum custo correu em direcção à porta do apartamento, mas Ricardo pôde impedi-la.
Por um pouco lutaram, mas não teve muito efeito. Verónica gritou, e Ricardo tapou-lhe a boca.
- Cala-te.
Quando pôde falar, disse:
- És doido. Doido!
- Agora vês?
Verónica tentou lutar de novo para fugir, mas ele puxara-a para dentro de casa e deu-lhe um estalo.
- Oh meu Deus! Desculpa!
Ele em pé, ela caída no chão.
Ela levanta-se cuidadosamente, compôs-se e dirigiu-se de novo à porta, rápida e cuidadosamente, tal como se levantou.
Saiu sem dizer palavra.
Ricardo ainda ficou congelado, mas voltou a si, e viu Verónica a fechar a porta.
Correu atrás dela, atropelando-se nos passos, cambaleando como um bêbado.
Ocorreu então um jogo do gato e do rato.
Por ente ruas, becos, curvas e contracurvas ele seguiu-a, e ela fugia o mais longe que podia.




Lamento desiludir uma vez mais os meus leitores.
Mas cheguei a esta parte da escrita e não soube o que escrever mais.
Temo largar este texto. Mas parece-me que o farei.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Efémera

O titulo não faz sentido com o texto que escrevo.
Mas apeteceu-me.
Como também me apetece escrever.
E, desta vez, irei mais longe.

Verónica vestiu o sobretudo preto, tapando a roupa arrojada que vestia.
Apenas se via uma parte das collants pretas e arrendadas e os saltos altos, também pretos.

Se não confundirmos sensualidade com sexualidade, talvez este texto corra bem.
Chocante? Nem por isso...
Espero não cometer esse erro.

Os tacões dos saltos altos soavam ruidosamente na calçada.
Isso pouco lhe importou.
Apenas se perguntava se este cliente era um novato ou já experiente nesta arte, como ela assim lhe chamava.


Pode ser estranho uma adolescente como eu escrever um texto como este.
Mas pensei, e porque não?
Decidi inovar, por uma vez só, a minha escrita.

Chegou á porta do prédio e mirou-o, de alto a baixo. Era um prédio como todos os outros, mas este despertou-lhe algo de místico e sinistro.
Verónica pensou que estas sensações vinham do seu encontro com o cliente.
Preocupou-se ao ver as campainhas para cada andar e o seu lado. Esquecera-se do andar e do lado onde vivia o seu cliente.
Fez ao estilo de Nova Iorque: tocou a todas as campainhas.
Do intercomunicador, uma voz.
- Sim?
- Sou eu.
- Açúcar?
- Chocolate.
- Entra.
A porta do prédio abriu-se com um clique.
- Ouve, esqueci-me do teu andar.
- 4º Direito. Que essa falha não se repita.
Subiu.
Ainda só lhe ouvira a voz, e pareceu-lhe, pela firmeza e masculinidade, que já era experiente.
Descalçou os saltos e subiu as escadas em bicos de pés. Evitaria fazer barulho e não cansava as pernas e os pés, sabendo que com o cliente já as iria cansar.
Ao chegar ao 4º andar, viu um homem parado a uma porta aberta, e calculou que fosse o seu cliente.
- Entra, Açúcar.
Entrou em sua casa atrás dele. Fechou a porta e lá ficou parada, a observá-lo.
Alto, magro, bem constituído, cabelos pretos e olhos azuis, a entrar, se não é que já os tenha, na casa dos 30 e tal anos.
Estava vestido com uma camisa azul clara, calças de ganga e sapatos castanhos.
- É o homem ideal para qualquer mulher, - pensou Verónica - pergunto-me porque recorreu aos meus serviços.
- Trouxeste contigo algum material? - perguntou ele.
- Não.
- Tenho algum comigo. Apresentamo-nos?
- Se me quiseres por hoje, não será necessário. Se gostares dos meus serviços, talvez nos apresentemos.
- Vem.
Foi.
O apartamento tinha ar de pertencer a um homem solteiro, neste caso, ele.
Acompanhou-o a um quarto pintado com tons de vermelho, armários pretos e castanhos, uma cama, cadeiras e pequenos sofás.
Acendeu uma luz no tecto, luz acolhedora. Abriu um armário grande, cheio de algemas, cordas, fatos, correntes e tudo o mais; enfim, acessórios sado-masoquistas.
Verónica sentou-se num pequeno sofá e começou a fumar.
- Podes sent...ah, deixa. - disse ele.
Através das nuvens de fumo que formava, Veróniva via-o a retirar algemas, uma vergasta e uma mordaça. Gostou da escolha dos instrumentos: eram os seus favoritos.
- Comecemos com estes. Que tal?
- Como queiras, eu apenas obedeço.
- Masoquista. Adoro.
Ele encaminhou Verónica para a cama. Tirou o sobretudo e ficou com o espartilho e cuecas pretas, collants de renda pretos e os saltos altos, também pretos. Ele gostou do que viu.
Verónica foi algemada, vergastada, amordaçada, vendada, mordida, esbofeteada, e por fim mas menos excitante para ambos, violada.
Viu que este cliente era já um experiente na arte sadomasoquista, e por várias vezes teve de fazer gestos ou tentar gemer "chocolate", a safeword dela.
À medida que a arte foi decorrendo, ela já se habituara à dor. A safeword não era mais necessária.
No fim, acendeu outro cigarro e deu um ao seu cliente.
- Que horas são?
O cliente consultou o relógio.
- Dez para a uma da manhã.
- Tenho de ir.
- Quero o teu contacto.
Verónica tirou do bolso do sobretudo um pequeno cartão e entregou-lho.
- Aqui tens. O dinheiro?
O cliente deu-lhe o dinheiro.
Sem uma palavra, Verónica dirigiu-se à porta para sair.
- Ouve.
Verónica virou-se.
- Sou o Ricardo.
- Verónica. Prazer.
- É todo meu.
Saiu, descalçando de novo os saltos altos e descendo a escada.
- O perfeito sádico. - pensou ela.
Andou até chegar a um bar, onde encontrou Gabriella, a sua melhor amiga.


Escreverei mais.
Por agora dou-vos uma parte do texto.
Já o escrevi há algum tempo, mas só agora o publico.

Espero não vos ferir.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Infinitamente

Combinaram naquela esplanada em específico.
Ainda insistiu para irem ao "Lua Mar", a sua esplanada preferida.
Mas ele insistira na "Maresia".
Ás 14h da tarde já ela lá estava, e nem sinal dele.
15 minutos depois ele chega. Olha-a vagamente, como se ela não lá estivesse, até depois ter voltado a si.
Durante o que lhe pareceu uma hora não trocaram palavra.
Ele limitou-se a observá-la, como estava vestida, o seu aspecto, o ambiente em redor, as pessoas em redor, tudo.
Ela quebrou.
- Porquê?
Ele continuou na sua observação, agora dirigida de novo a ela.
Já impaciente, abriu a boca para falar, mas ele cortou.
- Quis ver-te.
- Agora?
- Não é tarde.
- Nem é cedo.
Acenou levemente ao empregado mais perto.
- Uma água com gás, por favor.
- Para mim também.
O empregado foi e voltou com a mesma rapidez e eficiência com as águas. Serviu-os e foi.
Ele pega na mão dela suavemente.
- Porque tremes?
- Tremer? - repetiu ela.
- De alto a baixo.
- Ora...
- Sê sincera. - cortou ele.
Teve uma curta pausa e respondeu.
- Depois do que nos aconteceu, rever-te traz ao de cima antigas sensações, emoções e outros que tais, tal e qual como antes sentia.
- Não deixaste nada?
- Nada. Tudo ficou guardado dentro de mim, bem dentro onde ninguém possa ver à luz do sol.
- Regressei. Estou de volta, e daqui não mais sairei.
Ela riu-se discretamente.
- Duvidas?
- Daqui a uns meses estamos assim de novo. Foi sempre assim. Por dois anos. Neste mete-tira.
- Não o nego. Ouve, estás a tremer muito. O que se passa?
Já não aguentava mais. Rendeu-se ao seu desgosto e rebentou num pranto.
- Desculpa...
- Eu é que peço desculpa.
Ele remexeu-se na cadeira, e ela temeu que ele se fosse embora de novo. Apertou-o um pouco mais nas mãos.
- Calma. Daqui não saio.
Ela limpou as lágrimas e disse.
- Choro porque esperei por isto. Esperei por muito, e não desisti da esperança. Esperei pela tua vinda, caminhando para a frente olhando sempre para trás, de modo a não me perder no antigo caminho que é hoje o meu futuro. Perdoa-me os lamentos típicos de uma mulher, mas queria que soubesses. Como sofri. Como sobrevivi. Como esperei. 
Chego a olhar para trás e vejo muita coisa do qual me arrependo. Foi por não o ter feito ou por o ter feito, envergonho-me e arrependo-me de muito. Tento perdoar-me mas sei que nem tu perdoarias.
Perdoo apenas o mal que os outros me fizeram. E sim, feriste-me. E eu também te feri.
Alegrei-te, e tu também me alegraste. Decerto te lembras do primeiro dia...ora, voltamos a essa memória mais logo.
Retomando, sabes que fui eu, (e estas são palavras tuas) que te ensinei algo que tu dizias que não conhecias. Provavelmente a base do sentimento humano.
Ainda bem que voltaste!
Nisto ela baixa os olhos e continua a soluçar.
Ao que ele responde.


Caros leitores/seguidores, não consegui acabar este texto neste momento.
Deixá-lo-ei em suspenso, para um dia voltar a escrevê-lo.
Se quiserem, continuem-no. Gostaria que o fizessem, se vos agradar.
Até o próprio título vai ser remodelado.

Apeteceu-me.

Criatividade e ideias precisam-se.




13- Dez- 2011
Aqui está a continuação do texto. Temo que seja uma escrita pobre, mas por agora é o melhor que pude fazer.
Lamento decepcionar-vos.
As ideias para um novo fim a este texto continuam em aberto.

- Foi como se me tivesses tirado as palavras da boca. Não nego o que acabas de dizer. Que dizer mais, se tu já disseste tudo. Lamento falar tão pouco.
- Essa é uma das tuas maiores características, e aprendi a lidar com ela. Até passei a saborear o teu silêncio. Perdoa-me o exagero, mas creio que desde o início que passámos a ser um só. Enfim, "mulherices".
Fitaram-se por um longo tempo. Ele pagou distraidamente a conta, e com a mão dela na dele caminharam até à praia. "Natureza precisa-se", pensou ela.
Poderia relatar o diálogo silencioso que ambos tiveram, mas o silêncio é de ouro.
Posso sim dizer que este texto não acabará por aqui.
Nem mesmo quando eu, autora, e eles, personagens, falecerem.
Este texto é de todos.


Apenas me dei ao trabalho de o escrever.


Perdoem-me o péssimo texto. O mesmo quanto ao novo título.
("Voltaste!" para "Infinitamente", nada mau.)