Vi, na minha secretária, duas cartas endereçadas a mim.
Cartas que se intitulavam ser de amor. Tudo o que lhes via era ódio.
Cartas escritas a lápis. Um ultraje para uma carta de amor.
Porque o que é eterno deve ser escrito a papel com caneta.
Antes lia-as com um gosto sereno, porque o verdadeiro amor, do rapaz de me as endereçou e que dizia amar-me assim, não me tocou.
Agora leio-as com raiva. Com a raiva de quem reconhece uma relação falhada e sem futuro.
8 meses de pura brincadeira.
Não as quis ler mais. Não as quis vivas.
Na noite anterior, o fogo tomou conta dessas cartas, negando totalmente a sua existência.
O fumo e o passado dessas cartas intoxicou-me uma última vez.
Queimado o papel mas persistindo o fogo, a água fria trata de apagar todos os vestígios.
Qual simbolismo este, cujas cartas foram, na sua maioria, queimadas ás mãos daquele que detém agora o amor verdadeiro que antes dele não tive. Uma coisa não dá lugar a outra, mas dá um novo lugar, uma nova história. Uma nova vida.
Esta nova vida nasce, agora cresce saudável. Quando morrer, que eu morra com ela.
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