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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Pecados.




Se não houvesse uma réstia de céu no meio destas nuvens carregadas, talvez pudesse alegrar-me.
Se chovesse, e os pingos me batessem fortes como um castigo, talvez me sentisse confessada.
Se o vento sussurrasse os meus pecados, nem padres aguentariam tanto pai-nosso, avé-maria, ou a minha total expurgação.
Se.

Existe calor. Sufoca-me.
O mal dos meus pecados é perdoado.
Suo, tremo, respiro mais rápido. Sabem que quero voltar a pecar.
Sabem mesmo. Que a minha vontade, a minha raiva, seria saciada se eu assim o quisesse.
Mas não me deixam.
E volta a haver frio. Estou gelada.

Confesso
a Deus Todo-Poderoso
e a vós
irmãos
que pequei muitas vezes
por pensamentos e palavras
actos e omissões
por minha culpa
minha tão grande culpa
E peço á Virgem Maria
Anjos e Santos
e a vós
irmãos
que rogueis por mim
a Deus
Nosso Senhor.

E é este o meu calvário de todos os dias. Antes de poder pecar.
Mas todos sabem que por mais perdão e orações que faça, a quantidade de vezes que pequei é sempre superior.
Meu castigo é viver.


2 comentários:

  1. Nem sempre o Castigo é sofrer. Verdade é que viver é um Calvário. Eu que não acredito, sei que até os que mais boas vontades façam, têm sempre um fim desagradável. O meu avô por exemplo.

    Mas nós somos todos pecadores, não existe homem santo.

    Temos é que ter a capacidade de controlar os nosso pecados.

    "Deus" dizem que é santo e misericordioso, será isso de facto uma verdade? Na minha sincera opinião penso que isso é mais uma falácia do que outra coisa. Até um santo para ser santo teve quer pecar alguma vez na vida.


    O Pecado faz parte de nós todos, partilhamos todos esse aspeto. Temos sempre é que controlar, e não saber exceder os nossos limites. Seja o de uma relação, seja o de uma religião, do que for. Temos que estar atentos. Porque até "Deus" não perdoa certos pecados, e, muitos menos, irão os pecadores perdoá-los.


    Noutra nota:

    Gostei do texto, muito bem escrito, como sempre. Darias uma bela escritora, e penso que o meu avô concordaria.

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  2. Não vou comentar a tua opinião. Os meus textos costumam ser abertos quanto às opiniões. Se essa é a tua, não a contrariarei nem aprovarei.

    Simplesmente escrevo. Se sou boa ou não, não me avalio. Se os outros o dizem, não concordo nem discordo. Apenas escrevo, para meu desabafo. Contudo, se o teu avô achasse tal coisa, não negaria que me sentiria lisonjeada.

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