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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Vive e Deixa Morrer


Rapariguinha estúpida.
Sempre a errar no mesmo.

Não sei como não enjoei.
Andar de carro lembra-me sempre do sabor do que comi umas horas antes. Mas com ácido.
Este caso foi excepção e não entendo porquê.
A longa e interessante conversa? A companhia? O porquê e o destino de onde vou?
Ou tudo isto?

Pedi para parar na praia que ali estava.
De noite, a Lua reflectia a luz no mar. O cheiro a maresia, o frio, a escuridão e apenas aquela luz, como um guia. Que euforia!
Amei tanto o que via que quis aproveitar todo o seu esplendor em mim.
Rebolei na areia perante aquele homem estupefacto, que se ria e me dizia o quão maluca era.
 - Alguma vez quiseste soltar a tua dor gritando, e não podias? - perguntei-lhe.
 - Porque queres saber?
 - Se eu gritar aqui, alguém me ouve?
 - Não, mas não o vais--
AAAAAAAH!
Gritei todas as minhas dores e angústias ali. Gritei até me querer faltar a voz.
Estavas com um ar assustado. Agora quem se ria era eu.
 - Grita! Sê livre e faz o que te der na real gana!
E tu gritaste o que tinhas aí dentro. Gritámos ambos, e eu quase à beira das lágrimas.
Não, não estava triste. Pelo contrário, sentia-me viva. E isso era algo do qual tinha saudades.
Tirei a roupa e fiquei apenas em roupa interior.
 - Vais apanhar uma constipação. Veste-te.
Quero lá saber. Há outras formas de nos sentirmos vivos, e eu só conseguia assim.
Mergulhei naquele mar onde breu e luz batalhavam.
O frio acalmava-me o corpo. Apenas no frio me pude sentir confortável.
O mesmo frio que durante anos habitou em mim, e que agora escondo na esperança de encontrar calor.
A escuridão enchia-me os olhos. Não via nem queria ver.
Ignorante ao que estava em meu redor.
Nem te procurei. Não te chamei para mim, tu lá sabes o que queres fazer.
Mas eu, eu sou livre.
Rapariga livre.

Deitei-me na areia, ofegante de tanto gritar e nadar.
Tu ficaste acanhado. Nem ai nem ui, quiseste apenas ficar quieto.
Na escuridão do céu distinguiam-se algumas estrelas.
Imponentes, a anos-luz de mim, a brilharem e eu sem poder alcançá-las.
Queria chorar ao ver tanta beleza em breu e frio.


Por enquanto este texto vai estar interrompido. Não encontro inspiração para o acabar.

Lamento.

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