Quantos me vêem?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Efémera (2ª parte)

 Revivam a Efémera

Esta é a continuação da "Efémera".
O link acima leva-vos ao primeiro texto.

- Olá Gabi, como estás?
- Olá Nica, eu estou bem, embora dorida de uma sessão anterior. E tu?
- Eu acabei de servir.
- Nota-se, esse chupão não passa despercebido.
Olhou em volta, e viu que faltava alguém.
- Onde pára a Bia?
- Bia? Ah, a Beatriz...Essa apaixonou-se. Foi o seu maior erro, porque o homem deixou-a pior do que quando aqui chegou. Não sabias?
- Não. É o preço que os sentimentos nos fazem pagar.
Um homem aproximou-se de Gabi.
- Coelhinha, posso caçar-te?
Gabi olhou discretamente para Verónica, ao qual esta respondeu com um leve aceno. Gabi foi com o homem para fora do bar.
Verónica bebeu e conversou com Heitor, o barman, sobre Bia, sentimentos, a arte e tudo o mais.
- Nica, por favor, não cometas o grande erro de sentires.
Bebeu um último gole.
- Descansa Heitor, tu precisas. Orienta-as e boa noite.
Já no apartamento, tomou banho, besuntou-se com cremes para as dores musculares e a algum custo adormeceu.
"Aproveitem enquanto podem, meninos. Os sentimentos são uma bomba prestes a explodir. Em mim." - pensou.
Nessa noite sonhou com um labirinto.
Passou-se cerca de uma semana, talvez pouco, até à sessão seguinte.
Desta vez trocaram poucas palavras.
A sua linguagem resumira-se aos gestos, olhares, murmúrios e a arte.
Ele quis tê-la por mais tempo, e por mais vezes.
Ela chegava a visitá-lo quase todos os dias, tal a sua teimosia.
E quando ela tinha de se ir embora, ele queria obrigá-la a ficar com ele, mas Verónica sempre lhe soube dar a volta.
Numa noite, não houve arte.
- Então vim para quê?
- Não voltarás ás ruas.
- E és tu quem mo diz? As ruas são nossas.
- Tuas deixaram de ter. Passarás as noites aqui, viverás aqui. A tua vida será aqui.
- Endoideceste!?
- Sim.
Ricardo tremia e suava. Cerrava os punhos, e Verónica temeu que fosse espancada ali e agora.
Mas ele não levantou os punhos.
- Estou doido, por uma prostituta.
Verónica temeu o pior.
- Esta é a última vez que me vês. Temos arte ou não?
- Ainda não percebeste!? Estou perdido, louco, doido, chama-lhe o que quiseres, mas estou apaixonado por ti.
Ricardo pegou em Verónica e beijou-a.
Ela estremeceu, e, com um leve gaguejo, disse:
- Sou uma prostituta. O meu dever é dar prazer, de qualquer modo. Emoções e sentimentos não são connosco. Isso é assunto vosso e não nosso!
- Tens uma vida desgraçada, és de todos e não és tua. Quero salvar-te da vida miserável que levas, quero ter-te ao meu lado, amar-te como quiseres. Amo-te, entende.
- Tenho esta vida porque quero. Foi o que escolhi, e gosto da vida que levo. De dia sou normal, de noite sou a Verónica que conheces, a verdadeira Verónica. Deixa-me ter a minha vida!
Por esta altura já estavam aos berros.
- Não te quero ouvir mais! Já disse, amo-te.
Verónica também sentia algo, mas não o quis admitir. Não era dever dela sentir.
A algum custo correu em direcção à porta do apartamento, mas Ricardo pôde impedi-la.
Por um pouco lutaram, mas não teve muito efeito. Verónica gritou, e Ricardo tapou-lhe a boca.
- Cala-te.
Quando pôde falar, disse:
- És doido. Doido!
- Agora vês?
Verónica tentou lutar de novo para fugir, mas ele puxara-a para dentro de casa e deu-lhe um estalo.
- Oh meu Deus! Desculpa!
Ele em pé, ela caída no chão.
Ela levanta-se cuidadosamente, compôs-se e dirigiu-se de novo à porta, rápida e cuidadosamente, tal como se levantou.
Saiu sem dizer palavra.
Ricardo ainda ficou congelado, mas voltou a si, e viu Verónica a fechar a porta.
Correu atrás dela, atropelando-se nos passos, cambaleando como um bêbado.
Ocorreu então um jogo do gato e do rato.
Por ente ruas, becos, curvas e contracurvas ele seguiu-a, e ela fugia o mais longe que podia.




Lamento desiludir uma vez mais os meus leitores.
Mas cheguei a esta parte da escrita e não soube o que escrever mais.
Temo largar este texto. Mas parece-me que o farei.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Efémera

O titulo não faz sentido com o texto que escrevo.
Mas apeteceu-me.
Como também me apetece escrever.
E, desta vez, irei mais longe.

Verónica vestiu o sobretudo preto, tapando a roupa arrojada que vestia.
Apenas se via uma parte das collants pretas e arrendadas e os saltos altos, também pretos.

Se não confundirmos sensualidade com sexualidade, talvez este texto corra bem.
Chocante? Nem por isso...
Espero não cometer esse erro.

Os tacões dos saltos altos soavam ruidosamente na calçada.
Isso pouco lhe importou.
Apenas se perguntava se este cliente era um novato ou já experiente nesta arte, como ela assim lhe chamava.


Pode ser estranho uma adolescente como eu escrever um texto como este.
Mas pensei, e porque não?
Decidi inovar, por uma vez só, a minha escrita.

Chegou á porta do prédio e mirou-o, de alto a baixo. Era um prédio como todos os outros, mas este despertou-lhe algo de místico e sinistro.
Verónica pensou que estas sensações vinham do seu encontro com o cliente.
Preocupou-se ao ver as campainhas para cada andar e o seu lado. Esquecera-se do andar e do lado onde vivia o seu cliente.
Fez ao estilo de Nova Iorque: tocou a todas as campainhas.
Do intercomunicador, uma voz.
- Sim?
- Sou eu.
- Açúcar?
- Chocolate.
- Entra.
A porta do prédio abriu-se com um clique.
- Ouve, esqueci-me do teu andar.
- 4º Direito. Que essa falha não se repita.
Subiu.
Ainda só lhe ouvira a voz, e pareceu-lhe, pela firmeza e masculinidade, que já era experiente.
Descalçou os saltos e subiu as escadas em bicos de pés. Evitaria fazer barulho e não cansava as pernas e os pés, sabendo que com o cliente já as iria cansar.
Ao chegar ao 4º andar, viu um homem parado a uma porta aberta, e calculou que fosse o seu cliente.
- Entra, Açúcar.
Entrou em sua casa atrás dele. Fechou a porta e lá ficou parada, a observá-lo.
Alto, magro, bem constituído, cabelos pretos e olhos azuis, a entrar, se não é que já os tenha, na casa dos 30 e tal anos.
Estava vestido com uma camisa azul clara, calças de ganga e sapatos castanhos.
- É o homem ideal para qualquer mulher, - pensou Verónica - pergunto-me porque recorreu aos meus serviços.
- Trouxeste contigo algum material? - perguntou ele.
- Não.
- Tenho algum comigo. Apresentamo-nos?
- Se me quiseres por hoje, não será necessário. Se gostares dos meus serviços, talvez nos apresentemos.
- Vem.
Foi.
O apartamento tinha ar de pertencer a um homem solteiro, neste caso, ele.
Acompanhou-o a um quarto pintado com tons de vermelho, armários pretos e castanhos, uma cama, cadeiras e pequenos sofás.
Acendeu uma luz no tecto, luz acolhedora. Abriu um armário grande, cheio de algemas, cordas, fatos, correntes e tudo o mais; enfim, acessórios sado-masoquistas.
Verónica sentou-se num pequeno sofá e começou a fumar.
- Podes sent...ah, deixa. - disse ele.
Através das nuvens de fumo que formava, Veróniva via-o a retirar algemas, uma vergasta e uma mordaça. Gostou da escolha dos instrumentos: eram os seus favoritos.
- Comecemos com estes. Que tal?
- Como queiras, eu apenas obedeço.
- Masoquista. Adoro.
Ele encaminhou Verónica para a cama. Tirou o sobretudo e ficou com o espartilho e cuecas pretas, collants de renda pretos e os saltos altos, também pretos. Ele gostou do que viu.
Verónica foi algemada, vergastada, amordaçada, vendada, mordida, esbofeteada, e por fim mas menos excitante para ambos, violada.
Viu que este cliente era já um experiente na arte sadomasoquista, e por várias vezes teve de fazer gestos ou tentar gemer "chocolate", a safeword dela.
À medida que a arte foi decorrendo, ela já se habituara à dor. A safeword não era mais necessária.
No fim, acendeu outro cigarro e deu um ao seu cliente.
- Que horas são?
O cliente consultou o relógio.
- Dez para a uma da manhã.
- Tenho de ir.
- Quero o teu contacto.
Verónica tirou do bolso do sobretudo um pequeno cartão e entregou-lho.
- Aqui tens. O dinheiro?
O cliente deu-lhe o dinheiro.
Sem uma palavra, Verónica dirigiu-se à porta para sair.
- Ouve.
Verónica virou-se.
- Sou o Ricardo.
- Verónica. Prazer.
- É todo meu.
Saiu, descalçando de novo os saltos altos e descendo a escada.
- O perfeito sádico. - pensou ela.
Andou até chegar a um bar, onde encontrou Gabriella, a sua melhor amiga.


Escreverei mais.
Por agora dou-vos uma parte do texto.
Já o escrevi há algum tempo, mas só agora o publico.

Espero não vos ferir.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Infinitamente

Combinaram naquela esplanada em específico.
Ainda insistiu para irem ao "Lua Mar", a sua esplanada preferida.
Mas ele insistira na "Maresia".
Ás 14h da tarde já ela lá estava, e nem sinal dele.
15 minutos depois ele chega. Olha-a vagamente, como se ela não lá estivesse, até depois ter voltado a si.
Durante o que lhe pareceu uma hora não trocaram palavra.
Ele limitou-se a observá-la, como estava vestida, o seu aspecto, o ambiente em redor, as pessoas em redor, tudo.
Ela quebrou.
- Porquê?
Ele continuou na sua observação, agora dirigida de novo a ela.
Já impaciente, abriu a boca para falar, mas ele cortou.
- Quis ver-te.
- Agora?
- Não é tarde.
- Nem é cedo.
Acenou levemente ao empregado mais perto.
- Uma água com gás, por favor.
- Para mim também.
O empregado foi e voltou com a mesma rapidez e eficiência com as águas. Serviu-os e foi.
Ele pega na mão dela suavemente.
- Porque tremes?
- Tremer? - repetiu ela.
- De alto a baixo.
- Ora...
- Sê sincera. - cortou ele.
Teve uma curta pausa e respondeu.
- Depois do que nos aconteceu, rever-te traz ao de cima antigas sensações, emoções e outros que tais, tal e qual como antes sentia.
- Não deixaste nada?
- Nada. Tudo ficou guardado dentro de mim, bem dentro onde ninguém possa ver à luz do sol.
- Regressei. Estou de volta, e daqui não mais sairei.
Ela riu-se discretamente.
- Duvidas?
- Daqui a uns meses estamos assim de novo. Foi sempre assim. Por dois anos. Neste mete-tira.
- Não o nego. Ouve, estás a tremer muito. O que se passa?
Já não aguentava mais. Rendeu-se ao seu desgosto e rebentou num pranto.
- Desculpa...
- Eu é que peço desculpa.
Ele remexeu-se na cadeira, e ela temeu que ele se fosse embora de novo. Apertou-o um pouco mais nas mãos.
- Calma. Daqui não saio.
Ela limpou as lágrimas e disse.
- Choro porque esperei por isto. Esperei por muito, e não desisti da esperança. Esperei pela tua vinda, caminhando para a frente olhando sempre para trás, de modo a não me perder no antigo caminho que é hoje o meu futuro. Perdoa-me os lamentos típicos de uma mulher, mas queria que soubesses. Como sofri. Como sobrevivi. Como esperei. 
Chego a olhar para trás e vejo muita coisa do qual me arrependo. Foi por não o ter feito ou por o ter feito, envergonho-me e arrependo-me de muito. Tento perdoar-me mas sei que nem tu perdoarias.
Perdoo apenas o mal que os outros me fizeram. E sim, feriste-me. E eu também te feri.
Alegrei-te, e tu também me alegraste. Decerto te lembras do primeiro dia...ora, voltamos a essa memória mais logo.
Retomando, sabes que fui eu, (e estas são palavras tuas) que te ensinei algo que tu dizias que não conhecias. Provavelmente a base do sentimento humano.
Ainda bem que voltaste!
Nisto ela baixa os olhos e continua a soluçar.
Ao que ele responde.


Caros leitores/seguidores, não consegui acabar este texto neste momento.
Deixá-lo-ei em suspenso, para um dia voltar a escrevê-lo.
Se quiserem, continuem-no. Gostaria que o fizessem, se vos agradar.
Até o próprio título vai ser remodelado.

Apeteceu-me.

Criatividade e ideias precisam-se.




13- Dez- 2011
Aqui está a continuação do texto. Temo que seja uma escrita pobre, mas por agora é o melhor que pude fazer.
Lamento decepcionar-vos.
As ideias para um novo fim a este texto continuam em aberto.

- Foi como se me tivesses tirado as palavras da boca. Não nego o que acabas de dizer. Que dizer mais, se tu já disseste tudo. Lamento falar tão pouco.
- Essa é uma das tuas maiores características, e aprendi a lidar com ela. Até passei a saborear o teu silêncio. Perdoa-me o exagero, mas creio que desde o início que passámos a ser um só. Enfim, "mulherices".
Fitaram-se por um longo tempo. Ele pagou distraidamente a conta, e com a mão dela na dele caminharam até à praia. "Natureza precisa-se", pensou ela.
Poderia relatar o diálogo silencioso que ambos tiveram, mas o silêncio é de ouro.
Posso sim dizer que este texto não acabará por aqui.
Nem mesmo quando eu, autora, e eles, personagens, falecerem.
Este texto é de todos.


Apenas me dei ao trabalho de o escrever.


Perdoem-me o péssimo texto. O mesmo quanto ao novo título.
("Voltaste!" para "Infinitamente", nada mau.)



domingo, 20 de novembro de 2011

Cada Qual no Seu Lugar

Uma outra típica fase dos jovens: encontrar o seu lugar.

Acredito que cada um de nós tem um lugar próprio no Mundo.
Eu estou (quase) a descobrir o meu.

Ultimamente ouço e descubro bandas e artistas de Rock Alternativo e outros afiliados.
Chego ao guarda-roupa, escolho umas calças de ganga escuras, uma t-shirt larga, uns ténis, e estou vestida.
Apesar das dificuldades que passo hoje em dia, sinto-me cada vez mais leve e flexível para lidar com isso.
Os meus passos tornaram-se mais pesados e barulhentos. Não, não engordei.
Olho para tudo de um modo diferente.
Era bastante emotiva (não era uma Emo). Agora as emoções são outras.

Nisto tudo, ainda sou infantil.

O que vos dizer mais?

Apenas me lamento por aborrecer quem me lê com tretas de qualquer jovem, neste caso, eu.
Já passaram por isto...

Sinto que é tudo o que tenho para dizer, por hoje.

sábado, 19 de novembro de 2011

A Minha Censura

Quando escrevia, tinha medo de escrever mal, e por vezes apagava o texto todo, com medo que estivesse mal escrito escrevia o que me apetecia, sem medos.
Nunca relia o texto, deixava-o estar como estava relia-o vezes sem conta até saber que estava perfeito.
Depois publicava-o, roía as unhas com o medo de me dizerem que estava horrível, e sentia-me tentada a apagar tudo e reescrever alegre com a minha obra.
Depois, quando alguém comentava, preferia mil vezes não ler o comentário lia-o com um sorriso nos lábios, quase que chorava ao saber que tinha tido uma opinião independentemente de ser ou não uma boa crítica se era má culpava-me por ter publicado tamanha estupidez.
Era libertador escrever sentia-me presa. Era o meu passatempo favorito sim, gostava de escrever, mas o medo bloqueava-me as ideias e ainda hoje o é.
Depois, vi que os meus textos tinham muitos rasurados invisíveis neles. Tinham nada, era imaginação minha!
Prendia-me o coração vê-los assim, era triste. Mas não te queixavas...
Até que um dia libertei-me deles, gradualmente Libertaste nada, olha aqui eu, um rasurado!
Lutei contra os meus medos ainda cá estou! mesmo sendo uma batalha difícil ainda tens medo, daí eu ainda cá estar! e lá acabei por vencer Mentira!
Sim, venci.
Passei a escrever sem medos, sem rasurados.
Agora leiam o texto sem os rasurados acima para verem a realidade de hoje.

Sei que o texto é curto, mas está perfeito como está.

Eu gosto.

E tu?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A Senhora Que Aprendeu a Sorrir

Inverno.
Não chovia, o que era uma sorte. Contudo o ar estava húmido, e segundo o aspecto das nuvens poderia a qualquer momento cair sobre Lisboa uma carga de água.
Passeava, sem destino. Já cansada sentei-me num banco de jardim, e distraidamente olhei para o horizonte.
Pouco me interessava o que via, apenas dava ouvidos à música que tocava nos auriculares.
A música alegrava-me. E então sorri.
Continuei a sorrir, até uma idosa se ter sentado ao meu lado. Ignorei-a.
Notei de que desde que ela se sentara ao meu lado que não despegava os seus olhos de mim. Pelo menos assim o meu sexto sentido assim o dizia.
E o meu sexto sentido assim o confirmou.
A senhora tocara-me levemente no meu ombro, e educadamente desliguei a música.
- Minha querida, porque sorri?
- Se soubesse diria que estava a sorrir porque a música que estava a ouvir me fazia sorrir. Mas se, mesmo sem música, continuo a sorrir, então é algo que me é natural...
A senhora fitava-me. Os olhos dela brilhavam, mas sorrisos ela não tinha. Apenas um semblante triste e derrotado, por alguém que vivera muito e dessa vida apenas levara desilusões.
Comparando esta senhora com outras pessoas que por ali passavam, diria que não existe diferença nenhuma. Todas elas, no seu dia-a-dia, nos seus negócios, nos seus assuntos, no seu mundo destruído.
Os olhos da senhora brilhavam, e reconheci esse brilho como um pedido de ajuda.
Decidi arriscar.
- Perdoe-me a ousadia, minha senhora, mas porque motivo me fez tal pergunta?
- Diz-me: vês aqui alguém a sorrir?
Não, não via.
- Nos dias de hoje, minha querida, sorrir está em vias de extinção. E ver alguém sorrir nestes dias é como testemunhar o aparecimento de um extraterrestre. Não a considero um extraterrestre, mas vê-la sorrir chamou-me a atenção. E ver uma jovem a sorrir chega a ser algo estranho...
- Pois, bem sei...
Seguiu-se um breve silêncio, que quebrei.
- Porque é que a senhora não sorri?
- Oh, já dei o que tinha a dar. Perdoa-me o pessimismo, mas não sei o que faço aqui, viva. Já devia estar morta e enterrada a sete palmos de terra, mas ainda aqui estou. Sorrir, não sorrio, porque a vida já me levou o optimismo. Agora vagueio por aí, como um fantasma...
- Cruzes! Morta? Por essa ordem de ideias eu, apesar de jovem, e tendo a vida urbana e carregada que tenho, também deveria estar morta. Aliás, então todos aqui deveriam estar mortos. Minha senhora, o sorriso é de todos. Não é apenas uma causa de algo que nos proporciona bem-estar. As pessoas podem sorrir quando querem e chorar quando querem. Quem nos impede? O stress? As depressões? O mal-estar? Nada disso. Por vezes, quando estou stressada, tento sorrir. De início sai-me um esgar patético, mas se continuar a insistir, ele aparecerá cada vez mais radioso. E se me apetece chorar, choro. Chorar também alivia... Somos donos de nós próprios. Minha senhora, faça o favor de sorrir. Seja feliz. Viva! Ainda está no mundo dos vivos porque ainda tem muito que viver. E com um sorriso na bagagem e no rosto não lhe serão negadas quaisquer viagens.
- Não creio que me seja fácil...
- E existe alguma coisa que seja fácil no mundo? Ora, a senhora já viveu mais do que eu e tenho de ser eu a dar-lhe estes "sermões"? Façamos assim: eu agora tenho de ir para casa, que já são horas. Amanhã voltarei aqui, e se a senhora puder proponho-lhe que também volte. De acordo?
- Para quê?
- Para a ensinar a sorrir.
- Ora... Mas...
- Nem mas nem meio mas. Oh!, desculpe-me...
- Estás desculpada.
Ficámos minutos a olhar uma para a outra, e acabámos por sorrir. Então cresceu uma gargalhada, e vi-a feliz.
No dia a seguir, e nos dias que se seguiram a esse dia, ensinei a senhora a sorrir.
Por sua vez, essa senhora ensinou outras pessoas a sorrir.

E tu, já sorriste hoje?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Corações ao Alto!

Não voltarei com rodeios.
Sempre tive o terrível medo de escrever logo o que sentia, pois receava a opinião dos outros.
Agora vou escrever como nunca o fiz, não apagando sequer uma única palavra que saia do meu ser.


"Corações ao Alto!", digo-o no meu título. Pois quero-os bem ao alto, tal como creio que tenha posto o meu.
Não sei porque assim o quero, mas hoje pareceu-me bem fazê-lo. Deixá-lo bem no topo, como se fosse a coisa mais importante para nós.
Se pudesse gritaria esta exclamação. Que se libertassem do fardo exterior com que muitos se protegem hoje em dia de modo a serem quem realmente são, sem futilidades ou algo de outra espécie que denote/conote falsidade.
Dói-me ver alguém assim. Dói-me ser abatida pelas defesas dos fardos deles.
Enfim, acabo por cair na parva pergunta de "porque é que não somos todos verdadeiros uns com os outros?", sabendo que sei a resposta, mas não a quero aceitar.
Terei de me confortar num mundo onde somos todos falsos, com máscaras eternas, e sem corações, nem mesmo ao alto?
Outra pergunta ao qual sei a resposta: sim. É a verdade nua e crua.
Mas, creio, eu faço um esforço para não me esconder. Sou quem sou, e é com orgulho que o digo.
É também com orgulho que meto o meu coração ao alto.
Leve ele as traulitadas, as trovoadas, o frio, as cicatrizes, as lágrimas que á custa disso derramarei, deixá-lo-ei bem no alto, para que todos o vejam.

"Corações ao Alto!", meus amigos.

E sejam felizes.

domingo, 6 de novembro de 2011

Onde o Casulo se Abre e os Olhos Não Despertam

Não sei escrever bons textos, portanto não irei com rodeios.

Não me sinto bem.
Não me sinto sequer.
Estou numa espécie de meio-termo...onde não me apercebo de quem sou.
Sim, aposto que é uma daquelas fases estúpidas e anormalmente normais dos adolescentes.
E publicar isto num blog pode ser...digamos, parvo. Ou aborrecido para quem me lê.
Mas não vou apagar este texto.
Comecei esta parvoíce, vou acabá-la.
Continuando.
Como já disse, estou numa fase.
Não sei como a descrever...mas creio que o meu titulo resuma tudo.

Ultimamente não sei quem sou.
Por fora, mudei de visual.
Por dentro, as minhas atitudes não são o que eram, tenho um semblante de morta-viva, perdi alguns gostos que antes me animavam, olho as coisas com certa indiferença...
Olho para o espelho e não me vejo a mim, mas sim outra criatura qualquer.
O que se passa comigo, pergunto eu?

Há uns dias atrás, vinha eu da escola, e estava a chover. Não tinha guarda-chuva. Caminhei até casa, e cheguei encharcada.
Não me importei sequer se ficaria com frio ou constipada (algo impossível porque nunca tive nenhuma), apenas andei até casa como se não estivesse a chover.
Não me importei comigo.
Não quis saber de mim.
E foi aí onde me perguntei se existia em mim alguma auto-estima.


Este texto não está acabado, e duvido que alguma vez o estará.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Exagero Amoroso

Quero avisar que este texto não deve ser levado à letra.
A inspiração para este texto surgiu porque estou a estudar o Romantismo em Literatura Portuguesa, e com este texto quis tornar o Romantismo "ridículo".
Como o título do texto indica, isto é um exagero. Tudo isto gira à volta disso, e deve-se ler as "entrelinhas" do texto para poder compreendê-lo.
Mais uma vez faço notar que a frase sublinhada é a frase-base, seja, a frase onde me inspirei para fazer este texto.




-Esquece-o - rosnava ele ao meu ouvido, apertando-me contra ele num abraço apaixonado.
-Esquece-o, - implorava-me ele - , esquece que já foste dele. Agora és minha.
Continuava a apertar-me cada vez mais contra ele, acariciando-me costas e peito debaixo da minha camisa, beijando-me freneticamente no pescoço, e longa e apaixonadamente nos meus lábios.
-Esquece o amor que lhe tinhas; eu dou-te mais e melhor. Já não és dele, mas sim minha. Quero-te, desejo-te, venero-te perdidamente. Oh, mulher fatal, como me matas!
O impacto que ele dera em mim deixara-me sem qualquer reacção ao início.
Quanto mais ele me implorava mais eu lhe cedia aos seus desejos e encantos.
-Esquece-o - dizia ele, e eu esquecia-o
Esquecia aquele que me tomara antes deste, esquecia o homem que me fizera sua e que era agora traído pelo seu melhor amigo.
Fui cedendo com ternura aos seus beijos quentes e ao seu abraço que me prendia.
O seu abraço sufocava-me, mal me mexia. De tão próxima que lhe estava senti o seu coração a bater-lhe fortemente, como que a querer saltar do peito fora; batia-lhe com tamanha força que por momentos julguei que se ele estivesse comigo mais um minuto que fosse teria um ataque cardíaco. Pensei por momentos em largar-me dele, mas do modo como ele estava apaixonado, e de como achei este amor um amor proibido, secreto e adúltero, decidi por fim entregar-me a ele. Retribui-lhe os beijos com a mesma paixão, envolvi o seu pescoço com os meus braços e fui acariciando-lhe o rosto e cabelo.
Ele sentiu-se correspondido: e agora os seus beijos tiravam-me o fôlego. Literalmente.
O meu coração batia cada vez mais forte, e no momento não soube dizer se seria da falta de ar ou se da sensação de aventura que este amor proporcionava.
-Sim, sê minha. Rende-te. Amo-te perdidamente. Hmm, minha Afrodite. Sou o teu fiel escravo, o teu amante proibido.
Entre beijos me dizia estas palavras.

Subitamente senti que nos transformámos em algo irreal, onde o nosso corpo e alma subitamente se unia.

domingo, 9 de outubro de 2011

Divórcio Antes do Casamento

Admito que no meio das aulas (e não só) não me controlo com isto: tenho que escrever.
(In)felizmente não são os apontamentos das aulas, se bem que as faço.
Escrevo começando por uma frase que me saia do peito, por assim dizer. Daí crio uma pequena história, que quando acabo e leio começo a achar que está mal escrito.
Mas acho que nada me impedirá de publicar o que escrevo aqui no blog.
Deixo aqui estes textos, para que venha o diabo e escolha.
Para os lerem e darem a vossa opinião.
Mas não mudarei nada aqui, apesar das opiniões, e não é por uma questão de ignorância. Quero deixar os textos tal e qual como eles foram fabricados, e com as vossas opiniões melhorarei os textos que escrevo.

Diria que escrever é uma das minhas paixões...

Quero avisar que neste texto pode não se perceber nada. Mas creio que seria essa a minha intenção, inconscientemente ou não. E não alterarei uma única palavra, como disse acima.

Seria num destes dias de Verão, sob este sol abrasador, a maresia que alenta e a areia que me acaricia os pés, que me iria casar.
Mas divorciámos-nos antes do casamento.
Volto a sentir e a recordar tudo de novo, na tentativa de voltar atrás no tempo.
Ainda tinha o anel de noivado que ele me dera; mirei-o e com raiva tirei-o do meu dedo e quis atirá-lo para o mar. Mas hesitei.
A minha mente ordenava ao corpo para o lançar, mas o corpo não obedecia. Ao invés, voltei a pô-lo no dedo, e misteriosamente achei-o mais belo.
O amor que lhe tinha nunca desaparecera, mas a distância que nos separa agora mata esta relação, era a barreira que nos impedia de sermos felizes um com o outro.
Partiu para o estrangeiro antes do casamento, apenas o pude abraçar com um sorriso e dizer-lhe adeus com lágrimas.
Nestes pensamentos fui avançando para o mar, naquele momento não sabia ao certo o porquê.
O mar beijou-me os pés, envolvendo em seguida as minhas pernas como um abraço, as minhas mãos agradeciam-lhe este gesto puro e belo, onde o mar me responde com uma leve onda que mergulhou os meus braços, beijara o meu pescoço e fizera-me dele consumindo-me finalmente da cabeça aos pés.
Fui expulsando o oxigénio que me restava lentamente, e o mar foi invadindo-os, e a minha vida ia com o mar.
O tempo que lá fiquei pareceu eterno, e sentia-me leve e livre.
Não morri; larguei-me desta pequena "fantasia"e voltei à areia, arfando e tentando respirar.
Talvez, pensei eu, fiz este gesto inconsciente para provar a mim mesma, aos outros e à própria Natureza que estou viva e estarei para ficar, e que não será um mero desgosto amoroso que me matará!
Corri para fora dali, completamente encharcada, em princípio, a chorar por causa deste desgosto em que ele me deixara, mas em seguida sorri, por ainda estar viva.
Saí dali, e pensei em jurar apenas voltar àquele lugar com ele, no nosso casamento.
Voltaria àquele lugar quando fosse feliz.

P.S: Foi na frase a sublinhado que me inspirei neste texto.

Mais estarão para vir.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Advogados Racionalmente Emotivos

Admito-o: o título é parvo.
É daquelas frases que me saem do peito, e esta teve mesmo que sair.
É o título de um texto que escrevi no 10º ano para Português; o objectivo era escrever um conto, mas parece-me que fiz o contrário.
Agora publico-o aqui.



5h00. Acordou e abriu as cortinas do quarto. Sente-se um felizardo porque por além de ter vista para o mar, pode sempre ver o fim da noite e o início do dia. Nunca se cansa de ver a cor violeta do céu a desvanecer-se para dar espaço a uma cor laranja que anseia por se revelar e dar início a um novo dia. O mar confere, nesta mudança de luz, algo místico. Fica assim, admirado, todos os dias, a ver esse jogo de luzes. É isso que o move, que o faz ver o que a vida tem de bom. Acorda sempre a essa hora e fica á janela. Quando o laranja domina por completo o céu, cerca das 7h30, veste-se, come o pequeno-almoço, pega na mala e sai. Entra no carro e arranca. 8h20. Detesta apanhar restos do engarrafamento, mas tem paciência. Chega finalmente ao escritório às 9h00.
- Ó Júlio, sábado ‘tás livre? Precisamos de ti no bar junto às “damas”!
- Depende, Manuel, da quantidade de trabalho que pode vir. Sabes como é…
- Eh pá, mas é que precisamos mesmo de ti…Sabes que és o nosso amuleto da sorte e sem ti somos uns “coxos”!
- Hahahaha…Vou ver o que posso fazer.
- Obrigado Júlio!
As “damas”. Já não bastava aquelas com quem ele trabalhava, que andavam a fazer fila para estar com ele por uma noite, e agora tinha os amigos para satisfazer por várias noites. Complicado era convencê-las a estarem com os outros do que com ele. Era um benefício e uma maldição ser bem-parecido. Em linguagem de mulheres, um mulherengo. Mas, de todas as mulheres que já o seduziram, contando com as do seu escritório, havia apenas uma que ele admirava, e ele nunca percebera o porquê. Ela também o admirava, mas fora a única que não o seduziu.
- Sr. Júlio, aqui tem o ficheiro do caso de legítima defesa que pediu.
- Obrigada Olívia.
Pegou no ficheiro e entrou na sua divisão. Fechou a porta e reflectiu por momentos sobre Olívia. Pensou na quantidade de vezes que comunicavam, e concluiu que era pouca, pelo menos para o que ele sentia. Depois olhou para o caso. Mulher, 33 anos, deixa inconsciente um homem de 38 anos que estava a tentar assaltar a mulher. Esta, para se defender, bateu-lhe com uma pedra da calçada, causa da inconsciência do sujeito. E é ele quem vai advogar em defesa da mulher.
Todo aquele dia girou em torno daquele caso. Leu relatórios, viu provas, analisou tudo o que pudesse ser a favor e contra a defesa da mulher.
Entretanto chegou sábado.
- Júlio - é hoje?
- Deixa cá ver...Aparentemente não tenho mais que fazer... Já chamaste o Miguel e o Carlos?
- Estão á nossa espera na garagem!
- Então vamos.
Foram. Chegaram ao bar e pediram as suas bebidas.
- Ó Carlos, olha-me aquela ali do fundo... seria mesmo bom para ti!
- Cala-te lá! Aquela não é o meu estilo! É mais para o Miguel, ele é que gosta de loiras!
- Vai dar uma volta ó Carlos!
Riram-se todos, excepto Júlio. Ele apenas conseguia pensar na Olívia, nos seus cabelos e grandes olhos castanhos, na sua maneira de viver a vida, na sua doce voz. Ele antigamente adorava falar de mulheres com os amigos, mas desde o tempo em que se focou mais em Olívia, já nenhuma mulher lhe fazia sentido. Atordoavam-no, deixavam-no confuso, porque nenhuma se comparava à beleza e graciosidade que Olívia possuía. Pensou em sair dali, voltar ao escritório, encontrar Olívia e dizer-lhe o que sentia. Ninguém o iria impedir de fazê-lo. Receava a reacção dos amigos, mas algo falava mais forte. Para sair dali, inventou uma desculpa:
- Eh pá, esqueci-me que tenho um caso importante para resolver...
- Bolas Júlio! E agora, como é que nos arranjamos sem ti?
- Acredito que consigam sem mim. Vá, até amanhã.
- Até amanhã! E ficas a dever-nos uma bebida!
Não respondeu mais. Foi direito ao escritório e esperou encontrá-la. Estava escuro, mas ainda havia uma lâmpada acesa. Dirigiu-se á luz e encontrou-a.
- Que faz aqui o Sr. Júlio? Não tinha saído com o Carlos, o Miguel e o Manuel?
-Sim, tinha, mas eu tenho algo mais importante que estar com eles.
Seguiu-se uns minutos de silêncio. Olívia quebrou-o
- Então, que faz aqui?
- Pára de me tratar assim.
- Assim como?
- Por senhor. Trata-me por tu. É como eu te trato.
- Está bem. Então não fiques aí plantado. Arrasta uma cadeira.
Arrastou uma cadeira e sentou-se.
- O que é que fazes aqui tão tarde?
- Ainda não respondeste á minha pergunta.
- Que…Ah. Bem, - suspirou – era sobre mim. Sobre ti. Bom, sobre nós.
- O que tem?
- Desde que cá trabalhas que te tenho visto. Reparo em ti, no que tu és.
- E?
- E o que me parece é que... bom, pode soar como uma idiotice da minha parte, mas...acho que desde a primeira vez que te vi, fiquei apaixonado. Por ti.
Seguiu-se outro grande silêncio.
- Sim, é de facto uma idiotice. Esquece o que disse. Devo ter bebido de mais.
- Não.
- O quê?
- Não vás.
- Mas...
- Senta-te. Por favor.
Sentou-se.
- Desde que trabalho aqui que reparo em ti e nas outras mulheres que cá trabalham. Notei que és o típico homem mulherengo, aquele que está constantemente rodeado de mulheres. Honestamente, eu não as percebo. Sou mulher, mas não compreendo como é que elas fazem fila para estar com homens que lhes dão a visão de um Paraíso mas deixam-nas no Inferno. Nunca percebi qual é o gosto de sofrer assim. Mas tu tens algo de diferente.
- Sim, eu sei.
Olívia sorriu.
- Aliás, nem tu respondeste á minha pergunta.
- Pois. Ainda cá estou a organizar as minhas coisas e a preparar o dia de amanhã, a distribuir os casos às mesas de cada um, e por aí diante. Saio daqui a 15 minutos, basta distribuir mais uns casos.
- Está bem.
Ele observou-a. Amava-a como nunca amara nenhuma outra mulher. Poderia ser mulherengo, e concordara com o que ela disse, mas o que o distinguia de outros mulherengos é que ele tinha coração, e Olívia sabia disso. Ela voltou, ainda com alguns casos na mão, e ele não se conseguiu conter mais. Beijou-a como nunca o fez.
Foram ambos para casa dele e passaram a noite juntos.

domingo, 25 de setembro de 2011

18 de Dezembro

Quando comecei o 10º ano em Humanidades o meu professor de Filosofia pediu à turma para escrever num papel como nos veríamos daqui a uns anos.
Não vou escrever aqui o que escrevi naquele papel, porque o que lá escrevi está errado.
Isto está certo:

Vejo-me com 25 anos, num apartamento, num fim de tarde, quase noite, a chover.
Apenas um candeeiro aceso, num ambiente calmo e acolhedor.
O telemóvel e o telefone de casa pararam finalmente de tocar com tanto telefonema e mensagem dos colegas de trabalho e de universidade a desejar um feliz aniversário, quando ele é tudo menos feliz.
Uma garrafa de cerveja ou um chá de limão e hortelã, difícil decisão; é escolher entre esquecer aquele dia ou torná-lo no único dia do ano onde me possa refugiar nos meus sentimentos e emoções e afogar-me em lágrimas.
Escolho o chá.
Nenhum presente.
Bebo o chá tranquilamente. Ouço a chuva a bater no vidro da janela, e as as gotas fazem as luzes da cidade brilhar ainda mais.
Sentada com as pernas cruzadas num sofá, de pijama, os meus olhos seguem o percurso do vapor do chá. Sobe e evapora.
Sim, faria 26 anos.
Sentia-me só. Celebrava 26 anos de solidão. 
Bebo um gole de chá.
Uma lágrima cai.
Mais outras caem.
Fracasso, quase que grito, desato a chorar.
Apenas queria esquecer o meu aniversário, esquecer o meu passado, acabar com a solidão que me congelara o coração, viver de novo...
Contenho-me, limpo as lágrimas, bebo de novo tranquilamente o chá, e ao acabar, apago a luz e deito-me.
Adormeço ao som da chuva, na escuridão do quarto, e com duas lágrimas no rosto, com o horrível desejo de nunca ter nascido para um mundo tão cruel.

sábado, 17 de setembro de 2011

Minha Querida.

Lembrei-me de ti.

Desculpa agora tratar-te por tu, e desculpa-me ainda mais por escrever-te através de um computador. Poderia escrever uma carta e guardá-la até que criasse pó e bolor, mas prefiro que o amor que te tive e ainda tenho seja visto por todos.

Tinha eu cerca de 5, 7 anos, não sei, mas lembro-me de ti, e dou graças à sorte que tive de te ter conhecido, uma coisa muito rara nas famílias.

Lembro-me da tua teimosia e vivacidade, apesar da idade que tinhas. Eras já muito velha, mas isso não te impediu de teres um espírito jovem e feliz.

Do que me lembro, é pouco. Mas lembro-me do suficiente para te poder amar perdidamente.
"Vóvó", era assim que te chamava carinhosamente. Brigida ou Brizida, não o sei ao certo, mas era o teu nome.

Sinto-me feliz por ter conhecido a minha bisavó paterna. Mas entristeço-me por saber que partiste numa viagem sem retorno.

Foste, e sei que nunca mais voltarás. E nem sei como foste e muito menos sei o dia exacto da tua partida. Mas desde então choro por ti, ainda me dói a tua partida.

Felizmente sei onde te deixaram, e é uma das minhas prioridades visitar-te pela primeira vez.

Desculpa-me agora ser piegas, mas escrevo-te com os olhos em lágrimas. Foste a primeira pessoa que me ensinou o que é ser forte, e não precisei que o dissesses em palavras: tu eras e continuas a ser para mim o exemplo da força.

Mas agora sou fraca, desculpa.

Há uma foto, a única recordação física que tenho de ti. Nós as duas, no teu jardim, com o teu cão preto com patas brancas. Eu ali, com uma cara inocente e tu a pegares-me a mão com força, não física mas com a força que tinhas em ti. E sorrias. E é esse sorriso que me faz sorrir quando choro.

E essa fotografia está na secretária onde estudo.

Minha querida vóvó, espero que sintas (não vais poder ler, infelizmente) o que te escrevo.

Para finalizar uma carta que nunca terá fim, digo-te algo que ambas sabemos: um dia vou ter contigo.

Até lá, vou viver a minha vida como ela é, e um dia, o dia em que já não houver em mim mais vida para se viver, vou ter contigo.

Não tenho pressa de te encontrar de novo. Dou tempo ao tempo, foi o que fizeste; e encontraste-me.

Até um dia, minha querida vóvó.

Com grande amor e lágrimas
A tua bisneta Agnes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Circo de Feras


Gosto deles, e poderia dizer que são os tradutores da minha alma. Com os Ornatos Violeta apenas choro e amo. E sim, quero-te tanto...



A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita

Nunca dei um passo que não fosse o correcto
Eu nunca fiz nada que batesse certo
E enquanto esperava, no fundo da rua
Quero-te tanto!
Quero-te tanto!

Nada de novo
Um circo de feras
O mundo é o mesmo
Com novas esferas

Nunca dei um passo que não fosse o correcto
Eu nunca fiz nada que batesse certo
E enquanto esperava, no fundo da rua
Quero-te tanto!
Quero-te tanto!



domingo, 11 de setembro de 2011

Setembro pois então.

Mais uns dias e o significado de Verão para muitos estudantes do secundário como eu deixa de ser o mesmo. O que antes era diversão (e não falo apenas de night's bem passadas com álcool e drogas, porque cada um se diverte à sua maneira, e eu sou um belo exemplo) passará agora a ser a euforia (ou, se preferirem, o stress) do início das aulas. Enfim, há quem esteja contente, a escolher o material perfeito e a fazer a contagem decrescente, ou há quem pense "Ffffuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu, que as férias passaram tão rápido...", e é esta última que eu penso.
Por agora sei que passei para o 11º ano de Humanidades, agora rezo aos céus, santinhos, deuses e tudo o mais que seja divino ou sobrenatural para que a turma não seja a mesma do 10º ano - provavelmente o pior ano escolar que alguma vez sofri. Também rezo para ter força de vontade para conseguir acordar cedo (porque a preguiça é como uma mãe, e como tal devemos respeitá-la), aturar aqueles professores que parece que nos querem fazer uma lobotomia em vez de ensinar e os alunos mais infantis e imaturos que as crianças de 5 anos, e finalmente, o que qualquer aluno promete mas não cumpre: ter vontade para estudar. Que as minhas preces sejam ouvidas, porque este ano esperam-me exames, e eu antes de qualquer exame fico uma pilha de nervos.

Mas vou prometer, e farei o que puder para o cumprir: tentar ter vontade e matar-me a estudar...e, quem sabe, talvez me torne num cadáver culto.

Agora vou deixar de aborrecer os meus queridos seguidores e aqueles que me vêem para voltar a aborrecê-los daqui a uns dias com o desabafo sobre a turma ser boa ou não e etc's que vou deixar em segredo para um melhor aborrecimento.

Até logo!

Problem, reader / follower?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ausente!

Para quem vê e/ou segue este blog, quero avisar que durante algum tempo não irei publicar textos nem estarei nas redes do Facebook, Hotmail e outros por motivos pessoais.

Lamento a ausência, mas eu volto.

Adeus e até á próxima.

domingo, 7 de agosto de 2011

The Ring, 7 Days.



Esta menina?

Samara Morgan

Há uns dias atrás gravei na TV o filme "The Ring 2 - O Aviso". Gostei do filme, foi bem realizado, e foi bem feito no que toca a fazer com que uma pessoa se cague de medo. Admito que fiquei com medo ao ver o filme, mas mal acabou ri-me à gargalhada. Gosto de filmes de terror, o problema é que posso ficar a pensar no terror durante dias...

Admira-me a história de Samara. Segunto o filme "The Ring 2", Evelyn, a mãe biológica, teve depressão pós-parto quando Samara nasceu. Samara nunca chorava, excepto quando lhe davam banho. Ela tinha medo da água, e Evelyn pensava que esse medo se dava a que os "senhores da água" iriam buscar Samara um dia. Evelyn decidiu então afogá-la num poço, mas as parteiras conseguiram parar Evelyn a tempo que Samara morresse. Decidiram dar Samara a uma casa de adopção, e Evelyn foi internada num manicómio. Richard e Anna Morgan adoptaram-na, já que ambos não conseguiam ter filhos. Os Morgan tinham uma fazenda, e Anna tinha alucinações com os poderes sobrenaturais que Samara possuia. O barulho que os animais faziam não deixavam Samara dormir, e então esta levava-os a afogarem-se no rio. Anna decidiu então levar Samara para um local distante e matou-a, sufocando-lhe com um saco na cabeça e atirando-a a um poço. Anna suicidou-se atirando-se de um penhasco logo após ter morto Samara. Entretanto Samara ainda estava viva, e tentou escalar o poço durante sete dias, mas acabou por morrer. O seu fantasma ainda estava vivo, e aproveitou-se de um vídeo feito por adolescentes para gravar um jogo de futebol na TV, onde gravou a sua história.
Após ver o vídeo recebe-se um telefonema onde se ouve "Sete dias", que serão os últimos sete dias da pessoa.



Este é o vídeo.
Não, não vais morrer 7 dias depois. xD

Não é que o vídeo seja assustador, mas mete-me a pensar no terror, nos gritos, nas pulsações fortes, e na Samara.



Enjoy

your last

7 days

x'D

Provavelmente o post mais assustador que irei postar...

domingo, 31 de julho de 2011

A Preguiça!

Hoje não me apetece escrever. Mas tenho a inspiração no facto de não querer fazer nada.
Não faço a mínima ideia do que escrever...é a preguiça!
Estou de férias escolares, até Setembro não aturo nenhum professor.
Acabo de ver o meu Facebook, está parado.
Twitter, mais deserto que o Saara.
YouTube, nenhuma música nova para adicionar.
LastFm, isso existe??
Hotmail, está frio, sem nenhum mail para ler.
MySpace, enfim, perdi-a, já não sei qual era a minha conta...
Blogger, é onde estou, a queixar-me de não ter mais nada que fazer. À excepção que estou de momento a chatear quem lê este texto.
Na TV não há nenhuma série, filme ou documentário que me interesse
A preguiça sempre foi um dos meus grandes defeitos...

O Bruno Mars tem uma música sobre mim! É esta:




E a Mega FM, rádio portuguesa destinada aos jovens, também fez uma música para mim (melhor dizendo, para o meu adorável defeito xD )




Viva a preguiça!!

sábado, 23 de julho de 2011

We are Forever Alone


Temos tudo, e não temos nada.
Sim, irei voltar a queixar-me do meu sofrimento, mas estou a ser hipócrita porque sou preguiçosa demais para procurar solução para os meus problemas...what the hell, who cares?
Quem se irá preocupar com os problemas que tens? Um psicólogo? Bah, eles até te podem diagnosticar uma doença que nem sequer tens. Mas têm vantagens...
Podes desabafar com um diário, mas tens o mesmo efeito de falares com uma parede. Um diário não irá falar contigo, apenas fará com que tu tenhas um monólogo melancólico.
Um padre. E a fé? Onde anda? (Bela cena, ires ao confessionário ou isso e dizeres "desculpe, não sou cristã, mas não tenho ninguém com quem falar, estou desesperada!" Lindo...)
Basicamente, cada um tem a sua pulga, e ninguém quer arcar com as tuas.
Peço perdão pela minha hipocrisia, porque eu estou práqui no desabafo mas acredito que metade da população mundial (ou mesmo quem segue este blog) não está minimamente preocupado com as minhas merdas...
Mas seria bom termos quem nos ouça e tenha uma santa paciência para nos aturar.
Enfim, nascemos sozinhos, estamos sós, morremos sós (e provavelmente abandonados pelos nossos netos)


P.S: Esqueci-me de incluir a poesia na lista de instrumentos para desabafar. É "lindo" tentarmos escrever o que sentimos em palavras que rimem, tenham uma boa métrica, etc etc etc. Admito, já escrevi poesia; mas tenho tanta vergonha do que escrevi e de como o escrevi, que provavelmente irei atirar aquilo para uma fogueira...ou, quem sabe, para o rio Tejo. Ao menos, quando olho para o Tejo, ele "compreende-me".
(os poemas não têm nexo, está tudo trocado, sem rimas nem métrica, nada a ver com Fernando Pessoa e afins! se algum dia me atrever a postar aqui um dos poemas acredito que toda a gente caia da cadeira de tanto se rir...)

E peço desculpa pelo tempo perdido.