Quantos me vêem?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Regressei.


Finalmente tive coragem.

30 de Setembro parecia ontem. Hoje é 6 de Dezembro.
Uma memória que rói e destrói mas que amo acima de tudo.
Um dia que durante anos nos fora prometido, e finalmente!
Dou graças aos céus e a quem zela por mim.




Nos dias de hoje.
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"
Mudo-me a mim, mudo-te a ti.
E quem sou eu e quem és tu agora?
Pois um "amo-te" e tão trivial, que até o "foda-se" é mais sincero.
É por isso que te quero odiar profundamente, quero que me arrebatem de ti.
Sai, porra, fica longe de mim!!

Mas há uma saudade muito estranha que vem se tu fores.




É pouco o que tenho para escrever.
Não sou uma mulher ocupada. Tenho muito tempo até.
Mas estou mole. Já pouco ou mesmo nada me dá prazer...
Nem mesmo um desabafo aqui me ajuda?

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tempo, Porque Andas Tão Depressa?

Cuidado com o que desejas.


Desejei que corresses para o ver de novo.
E assim o fizeste.

Não te pedi para mo tirares dos braços.
Mas assim o fizeste.

És veloz. Tanto que dou por mim só de novo.
Vou, lentamente, sofrendo a saudade que tenho dos lábios de quem amo.
Surpreendo-me, estando receosa de esquecer o rosto dele.

Tudo o que posso fazer agora, é relembrar-me dos bons momentos, e esperar outro reencontro.


Amo-te.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A Minha Rua Chama-se Saudade

Estou abraçada ao que não devo. Mas estou.
Só para acreditar que regressou, e para lhe dizer um último adeus.
Nem mesmo o meu olhar piedoso descansa nas nuvens.
O dele repousa nos meus, e murmura um elogio "tens uns belos olhos".

Os teus juramentos vêm tarde.
Oxalá pudesse aceitá-los. Matar estas saudades que tive de ti e que não foram poucas.
Em quase todo o drama há um "mas".
E este "mas" foi eu ter seguido.
Adeus tristeza, até depois, disse.
E tu, meu parvo, vieste em má altura, clamando por mim e pelo que julgas teu.
Mas eu e aquilo que julgas teu não mais é teu.

Meses.
A caminhar pelas ruas.
Saudade, Tristeza, Coragem, Alegria.
A saudade mata, e tu usaste essa fatal arma.
"Perdão, meu bem" me disseste.
"Não" te respondi.

Adeus.

domingo, 22 de julho de 2012

Seremos o Mundo de Alguém

Adoro quando dizem "és o meu mundo".
Subitamente, o mundo dessa pessoa resume-se ao mundo de uma outra pessoa, que o preenche.
Cuida-se de um mundo alheio, tal como se ele fosse nosso.
Junta-se Marte a Vénus e vice-versa.


E isto acontece apenas quando se ama?
Bom, é mais frequente. (cliché)
Mas acontece o mesmo com a família e amigos.
Como intitulei, seremos o mundo de alguém, e isto soa-me a algo quase inevitável.


Eu sou o mundo de alguém.
Não pedi, mas aconteceu.
Arrependida? Não.
Desiludida? Não.
Sou, e gosto disso.


Há quem seja o meu mundo. E escrevo a quem o seja.

domingo, 8 de julho de 2012

Duas Pequenas Nuvens e O Meu Pensamento Por Lá Vagueia

Sinto o Sol a queimar-me a pele.
O vento a amaciá-la.
Olho para o céu e vejo duas pequenas e leves nuvens.
Penso. Em ti. Em todos. Em nada e em tudo.
Fecho os olhos e recordo.
A noite em que dancei até cair. Onde te vi, e me calei.
(Ouve o vento a sussurrar-te aquele dia em que sentiste um arrepio quando te abraçou.)
Cheiro a maresia, acaricio um pedaço de areia perdido naquelas escadas.
Ouço, ao longe, uma banda a tocar músicas que facilmente me levariam ao nirvana.
Os risos e exclamações dos turistas.
Sonhei com a hipótese em que cá te encontrava.
Um sonho em vão, nada de criar expectativas. Aprende.
Não sinto o chão sob mim. Mas ele está lá.
Gosto muito disto mas não aguento mais o meu pensamento vem como um cavalgar louco preciso de refugiar-me imediatamente na minha toca.


Gostaria de deixar de fingir, e poder realmente amar.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Homenagem a Chaplin




Essa tua arte, e esse teu sorriso por veres as pessoas à tua volta rejubilarem de alegria...
I love it as I love you.



Quando criaste um filme falado, usaste-a com o fim de dar um dos mais belos discursos do mundo. Pena que metade seja fantasia que a maioria gostava de ver concretizada.
Outra parte é o que vias nos anos 40, que ainda podes ver hoje.



Aqui, sem tradução. E com o final completo.




Meteste o mundo a rir e a chorar em poucos minutos. (Está-te no sangue...)
Emocionaste-nos com o garoto a clamar por ti, e tu com um olhar cheio de terror.
Deste-nos um "awww" quando beijaste o garoto ao reencontrá-lo.
E fizeste-nos perder de riso quando perseguiste o condutor do carro.


Quem diria que encontrarias o amor da tua vida por último.
Quem diria que nasceste no mesmo ano e na mesma semana de Hitler e, que tal como ele, tinhas uns belos olhos azuis, um bigode e uma vida semelhantes.

Quem diria que serias Charlie Chaplin.

Admiro-te, e partilho no meu blog a minha admiração por ti, que quase nem se expressa escrevendo.

(Sim, ando aborrecida, sem ficção para escrever.)


domingo, 3 de junho de 2012

Parabéns! A Vida Corre-Te Bem.



Este mês foi-me difícil escrever algo no blog.
A data é real. Comecei com um leve esboço que eliminei, e apenas hoje, dia 30, publico um texto final.
Aqui tento desabafar uma leve reflexão sobre a minha falta de inspiração e quase desmotivação para escrever.
Não me sinto obrigada, mas contudo quero agradecer a um amigo por uma conversa onde tudo isto veio ao de cima, e sem me ter apercebido na altura, a sua explicação era porque a vida "corria-me bem."
E não estava totalmente enganado.
De facto, a vida parece-me correr bem. Á excepção de uma ou duas lacunas, estou a nadar num mar de rosas.
Era quase por isso que me foi difícil escrever. Não tinha problemas.
Sem drama para escrever, onde e como iria eu criar um outro texto?


E, com a conversa que tive com o meu amigo, pensei "é mesmo necessário um drama para um texto?"



quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ensaio (ou Verborreia) Textual


Escrevi este pequeno ensaio há algum tempo, e achei bom trazer um tesourinho esquecido à memória.
Dizem que a obra de arte é sempre melhor apreciada se vista de longe. Distância e tempo.

Alguém soprara o teu nome, e nesse segundo fiquei petrificada.
Sabes bem o efeito que o teu nome tem em mim.

Vi uma mulher com um rosto misericordioso.
Tal Maria com sua dor de ver Cristo seu filho crucificado.
Na verdade ela estava meditando. Mas sua meditação a pôs num modo piedoso.
Que pena...

Saí da sala e meti os headphones.
Saí cabisbaixa, mas a música transformou-me: ergui a cabeça e apeteceu-me fazer um gesto de vitória.
Yes!

Apetece-me verborrear, e ver se resulta em algum texto digno de ser exibido.
Para tal meto-me a ouvir músicas antigas.
Muito antigas.
Pronto, não tão antigas como isso.
(We all live in a yellow submarine, reconhecem?)

Sinto-me tão bem só. E eu que apelava à companhia e ao fim da solidão.
Afastei-me do que já me irritava e incomodava, sem raramente magoar.
E sinto-me estranhamente bem...

Algo me diz que tenho de aprender a pedir desculpa em vez de ir pelos rodeios.
Começo agora. Desculpem por rodear.
Aparentemente a minha forma favorita é a redonda...

Há uma estranha e triste sensação quando se acaba de ler um bom livro. É como perder o nosso melhor e precioso amigo.
Sinto o mesmo com as curtas-metragens.
E, por mais aborrecido que digam que é, adoro repetir o que outrora adorei.
Aplica-se a ambos.

Acabei de ver "Tempos Modernos" de Charlie Chaplin.
No fim amei tanto o filme que sozinha, em casa, me levantei e aplaudi de pé a um elenco brilhante que já não existia. Pena minha.
Mas foram aplausos merecidos. E que se repetem por gerações. Espero eu.

Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Klank, Pong. Tum.
Já disse que os relógios são irritantes assim?
E sim, destruí aquele.




quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ele Ama-Te... Mas Morta.



Teve-a nos braços, desmaiada, corpo cadavérico.
Estava paralisado; a ideia de tê-la nos braços, daquele modo, tanto o excitava como o entristecia.
Embora ele a preferisse de outros modos...


"Ela é bela, seja de que modo for. Quero apreciá-la mais um momento..."
Pálida, quase mármore. Olheiras profundas, negras, horríveis. Cabelos pendentes do rosto e dos braços, negros, negríssimos como breu. Mãos quase frias, pálidas como o rosto, pendentes e suaves. Lábios escuros, roxos, "beijáveis" como ele pensara.


Que fraca.
Pensou que uma dose inteira a faria desmaiar, mas apenas bastara menos de metade. Que fraca.
Menos trabalho teria.
E a sua fragilidade comoveu-o. Que bela.


Ele adorava representar.
Injectou-lhe a dose, mesmo no pescoço, e aí começa o Primeiro Acto, Cena Um.


A frágil dama desmaia, e ele (não fora o culpado de tal desmaio) ampara-a.
"Acudam, acudam, que a dama está enferma! Acudam!"
Mas ninguém responde. (Melhor ainda.)
De tudo faz (pensa) para recuperar os sentidos à dama, mas nada feito.
Pensou num beijo (mas isso destruiria a fantasia.) e percebeu que não seria digno de tal acto.
"Oh deuses, se contemplá-la assim é meu destino, assim o seja"
Fim do Primeiro Acto.


Leve e lentamente ela começara a recuperar as cores.
Sabia que, fraca como ela era, dar-lhe mais uma dose poderia ser fatal.
O que não o intrigava muito.
Segundo ele, ela merecia morrer, por ser tão bela e por rejeitar o amor que ele lhe tinha.
Por outro lado queria-a viva por mais uns tempos. Se iria sofrer, que fosse às mãos dela.
Despiu-lhe as roupas e vestiu-lhe um vestido de noite.
Lavou-lhe o rosto, com carinho.
Deitou-a na cama, bem confortável.  Sim, porque os metade-mortos-metade-vivos também merecem conforto.
Sentou-se junto dela, afagando-lhe por vezes o rosto, os cabelos e as mãos. Lá ficou até ela acordar.


"O que aconteceu? O que me fizeste? Onde estou?"
"Rescuscitaste."
"Que dizes?"
Levantou-se e antes de sair porta fora disse-lhe:
"Salva-te."



terça-feira, 8 de maio de 2012

Testemunho Através de Uma Foto






Em vez de ir pelo caminho habitual, decidi passear por um jardim pelo qual sempre passava, e sempre desprezava.
Cansada da mochila que carregava às costas (e não só), sentei-me num banco de jardim.
Não foi preciso esperar muito para que tudo começasse.

Num banco à minha frente sentara-se um idoso, tão ou mesmo mais cansado que eu.
A sua cara mostrava a solidão em que vivia. Já nem havia esforço para o esconder.
Suspirou fundo, como se fosse seu possível último suspiro.
Olhou para mim, olhou por olhar.

Tempo depois, um casal jovem sentara-se junto do idoso.
O casal começara com demonstrações de afecto públicas, e o idoso suspirou de novo. Pelos seus bons velhos tempos.
Retirou-se então, ligeiramente incomodado com o casal.

Passou por mim uma senhora a passear o seu cão, e este aproximou-se de mim e ladrou.
Dei-lhe umas carícias e ele seguiu o seu caminho, todo contente.

Passou por mim uma mãe com um bebé no carrinho e uma criança de mãos dadas.
O bebé já vinha ligeiramente aborrecido, e então chorou.
A mãe sentou-se ao meu lado e de tudo tentou para que o seu bebé parasse de chorar, mas nada feito. E ela começara a desesperar.
Brinquei com o bebé, e este olhou-me feliz.
Quanto olhei para a mãe, esta estava grata.
Foi a vez dela de brincar com o seu filho, aliás, com os seus filhos.
Ela então partiu com eles, e disse-me "obrigada".

Veio um gato pousar-se ao meu lado. Era estranhamente dócil.
Dei-lhe carícias, meio distraída. Que belo gato.
O casal saíra, um rapaz com uma máquina fotográfica entrara.
Despedi-me do gato e do banco, um pouco aborrecida por ter de o fazer.

Quando a olho recordo-me daquilo que fui testemunha.
A foto acima foi-me dada pelo rapaz da máquina fotográfica.

(Mentira. Foto retirada da internet.)


segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Mundo É Estranhamente Pequeno

Tive de reiniciar, e não ouvi o que disseste antes.
Foi aquela pequena e inocente palavrinha, aquele nome.
E aí reiniciei tudo, a minha memória voltou num flash aos ínfimos detalhes daqueles belos dias.
Ela tinha mesmo que mencionar aquele nome? Não podia ter ficado calada!?
Ahh, eu que estava tão bem na ignorância de esquecer tudo...
Peguei nos livros, folhas, lápis e canetas, despedindo-me dela com um rápido aceno e um "adeus" seco.
Enquanto tentava arrumar tudo, cheguei ás profundezas da minha fraqueza, e tentei conter algumas lágrimas.
Mas parei num corredor vazio, atirei tudo ao chão e elas correram livremente.


Ela não podia ter falado verdade.
Ele não poderia ter regressado. Não, era impossível, ele próprio o prometera.
"Ah, o Paulo pediu-me para te dizer que voltou aqui."
Cala-te! Que mentirosa cruel, ele não regressa!


Já no chão, arrumei melhor as minhas coisas, limpei a face e continuei a andar.
Fui para o emprego, no café. Felizmente também lá trabalha a minha amiga.
"Que cara, hem? Vai, marcha para a casa de banho e recompõe-te, eu dou uma desculpa ao patrão."
Acenei-lhe, agradecida, e fui. Voltei, vesti o avental e comecei a servir as mesas.
Uns minutos depois, ela diz-me
"Há ali um cliente na mesa 4 que diz que só é atendido por ti. Receio ser quem pensas."
Mas eu não estava a pensar em ninguém.
Desde que chorara que a minha mente entrara em branco. E porque raio teria a minha amiga de me relembrar?
Agora estava mais receosa.
Peguei no pedido e levei-lho. Era ele.
Oh deuses, acudam.


"Aqui tem. Deseja algo mais?"
Que raio. Não se faz esta pergunta.
"Sim. Desejo que te sentes."
O chão fugiu-me e o coração caiu-me aos pés.
Sentei-me, e balbuciei
"N-não devias estar aqui."
"Mas estou. E arrependido."
"Ora!"
"Sabes tão bem quanto eu que há momentos em que percebemos que não podemos mais empatar. Tive que regressar, para te pedir mais uma vez perdão e ver-te de novo."
"Diz o gajo que me traiu com a minha prima, e logo aquela que sempre me odiou, alegando depois que foi tudo um acidente, que não a assassinaste atirando-a com o carro pela colina abaixo. Por um lado, foi um alívio, eu odiava aquela gaja. Mas, por outro, partiste-me as esperanças e o coração como ninguém. Cruel. Vil. És horrível. Vai-te embora."
Levantei-me e ainda o ouvi a gritar o meu nome.


Depois do café regressei a casa.
Estava escura, sem luz. Acendi um candeeiro, o mais próximo, e em seguida a luz da sala.
Não morri com um ataque cardíaco por pura sorte.
"O que raio fazes em minha casa!? Fora ou chamo a polícia!"
"Não és capaz."
Não era.
"C-como entraste!? Fora!"
"Bastou meia hora de foda com a tua amiga."
Fiquei perplexa.
"Calma, estava a brincar. Não me esqueci da chave bem escondida dentro do tapete."
Levantou-se e caminhou vagarosamente na minha direcção.
Nada pude ou quis fazer. Fiquei quieta e fria como pedra, e deixei-o aproximar até ficar a meros centímetros de mim.
"Bem sabes que a tua prima se suicidou, ela era uma rapariga depressiva. Tentei salvá-la, e como vi que não conseguia atirei-me do carro antes deste descer a colina. Foi um desperdício de mulher, ela era uma brasa, tanto aqui como num quarto."
Fiquei envergonhada, e ele continuou.
"E tu sabes esta história decore, durante anos que a sabes, tal como eu. E também sabes que eu sempre te amei"
"Mentiroso."
"Nadinha. Sempre te amei, mas tenho de admitir que a tua prima, bolas! Que pedaço."
"Fora. Daqui. Já."
"Não. Não acabei. Quebrei a minha promessa, e tu bem sabes que eu já me cansara da tua paranóia da altura. Mas se houve algo que me fez voltar, foi a vontade irremediável de te querer de novo. E como irremediável que é, não te livrarás de mim tão cedo."
Irremediável mulherengo. Não, mantém-te integra e firme, não é não.
Ele meteu as mãos na parede, encurralando-me.
Beijou-me. Quando acabou, cuspi-lhe na cara.
"Não!", gritei.
"Bem sabes que sim..."
Limpou o cuspo, agarrou-me com força, e não quis resistir mais.
Uma hora depois já estávamos a arfar debaixo de lençóis num quarto.
"Merda, como é que cheguei tão baixo?", pensei.


Quando acordei de manhã, ele não se encontrava ao meu lado. Nem em casa.
Tanto me senti aliviada como triste.
Ele fora-se embora, não está mais ao meu lado, e poderia de novo retomar a minha posição firme.
E houve um resquício de algo, sentido, que já lá não estava porque ele já lá não estava.
Que tristeza...




Este texto sofreu está livre de cortes e recortes. E não será reeditado.


terça-feira, 24 de abril de 2012

Sinto-me Pequena

Se eu gritar por este texto, conseguirão ouvir-me?




Espero que não.


E se desistir de gritar, por receio de ficar rouca?


Quem me dirá "não desistas", ou "não fiques rouca"?


Espero poder desistir.


Noutra altura enrouquecerei.


E se achar que tudo o que escrevi para trás está errado?
Se achar que tudo o que escrevo é absurdo e horrível e desprezível e...?


Mas a quem quero enganar?


Dizem-me que sou original no que escrevo. (A sério?)
Eu digo que o que escrevo é absurdo.
Logo, a minha originalidade é absurda.


Ora, a minha originalidade está em último lugar, entre as outras originalidades.
Sinto-me pequena.


Talvez seja por isso que o resto dos meus textos esteja em papel.
São o dobro ou mesmo o triplo dos que aqui estão publicados.
São textos envergonhados, com medo do blog.
Medo de outros olhares, de críticas.


Um dia disse que os iria meter aqui.
E talvez o farei.




Mas antes, deixemos escorrer algumas lágrimas ansiosas.
Depois ambicionarei.



domingo, 22 de abril de 2012

Canta, Sonha, Toca.




Como esta senhora e sua voz, nenhuma.






Tenho um vizinho que toca guitarra portuguesa.
Todos o chamam Zé da Guitarra.
Ninguém lhe conhece o verdadeiro nome, nem mesmo o rosto.
Mas sabe-se que é um homem porque quando não lhe ouvimos a guitarra, ouvimos um belo e choroso fado dele.
Mas ele costuma preferir a guitarra, e toca-a com paixão.
De tal ponto me emociona, que dou por mim a cantar fado.
Junto-me à parede onde ele toca, e assim estamos.
E o homem adora o meu fado, ele mete a guitarra a tocar com ainda mais paixão.
E com isto choro enquanto canto, não de tristeza banal, mas sim da tristeza que um belo fado proporciona.
Aquela tristeza tão alegre e audível...
Sei que uma lágrima dele cai sobre as cordas da guitarra, porque o seu toque se altera.
E grito: "Ó bom homem, porque chora?"
Ao que ele responde "Choro porque é este o meu fado, correspondido e amado!"



terça-feira, 3 de abril de 2012

Flashback Through Memories


- A new day rises. And I rise with it. - disse ela, espreguiçando-se.
Cabelos desalinhados e um pijama todo catita, bem colorido. Uma da tarde.
Arrastando-se até à cozinha, em vez de fazer os seus habituais ovos com bacon, pegou apenas no pão e na manteiga e devorou-os.
Era fim-de-semana, e ela nada tinha para fazer. "Ainda bem! Ufa..."
- Hoje é dia de ficar em casa sem mexer palha!
No entanto, perguntou-se porque motivo dissera o que dissera de manhã, ao acordar. E em inglês?
Encolheu os ombros, já não lhe interessava muito o porquê.
Contentou-se apenas com o motivo de ser mais uma das coisas malucas e espontâneas que ela dizia a quase toda a hora.
Esse era um dos motivos pelo qual os amigos a admiravam.
Sentou-se ao comprido no sofá e ligou a televisão. Até adormecer de novo.


Quando acordou, estava deitada numa cama que não era a sua. Nem o quarto era seu.
Ao seu lado estava um homem deitado, a dormir.
Viu as roupas, dele e dela, espalhadas pelo chão, e percebeu o que se passara.
Mas não reconhecia o homem.
Tentou ligar a uma amiga para saber se ela se tinha embebedado e feito alguma maluquice, mas ao pegar no telemóvel que seria supostamente dela, os contactos não eram os mesmos. Quando pegou no telemóvel dele, recebeu o mesmo resultado.
Saiu da cama, pegou nas roupas apressadamente e tentou vestir-se enquanto andava e pegava em mais pertentes que julgava ser seus.
Por segundos olhou para a mão esquerda e viu no dedo anelar um anel. De casamento. 
Olhou em redor, e viu que a casa parecia pertencer a um casal. E assustou-se à séria.
Tropeçou ao pisar as calças que vestia.
Bateu com a cabeça numa mesa, e desmaiou.


Ao acordar novamente, encontrou-se numa tenda.
Mas ela não era a mesma adulta. Era uma jovem, cercando os 16 anos.
Estava envolvida num saco-cama, e já vestia um pijama com um emblema.
Ouviu uma trompeta ao longe. Quando acabou de tocar, a voz forte de um homem.
- Meninas e meninos, toca a acordar! O dia está lindo para mais uma aventura!
Ela só pensava no que estava a acontecer.
Saiu da tenda, ainda de pijama, como alguns dos outros colegas.
Uma das raparigas dirigiu-se a ela e disse:
- Vá, que cara é essa? Sempre adoraste esta colónia, e nunca te vi assim...
- Ouve, não sei quem és, nem eu sei como estou ou quem sou agora. Ajudas-me ou não?
- Estás bem? Acho que hoje não regulas bem... Estás doente?
Meteu-lhe a mão sobre a testa, mas ela tirou-a bruscamente e disse:
- Ajuda-me caramba!
- Sim, eu vou ajudar-te... Vamos ali até àquela casa, lá podem ajudar-te...
A rapariga levou-a até à Enfermaria, e disse:
- MJ, ela está doida! Ajude-a!
- Então, mais um ataque de loucura? Eu bem que gosto de ti, mas sempre soube que era um perigo vires para esta colónia...
Ela saiu a correr da Enfermaria, apavorada com a situação. Agora era considerada insana?
A tal MJ correu atrás dela, a gritar "Volta aqui!"
Mas ela não voltou. Correu e correu, até tropeçar numa pedra e bater com a cabeça noutra pedra.
Levantou-se, e reparou que estava a sangrar da cabeça.
A MJ agarrou-a a tempo de não cair de novo com outro desmaio.


Acordou sobressaltada.
Viu pela janela a luz do Sol a iluminar o quarto.
- A new day rises. And I rise with it. - disse ela, espreguiçando-se.
Cabelos desalinhados e um pijama todo catita, bem colorido. Uma da tarde.
Arrastando-se até à cozinha, em vez de fazer os seus habituais ovos com bacon, pegou apenas no pão e na manteiga e devorou-os.
Era fim-de-semana, e ela nada tinha para fazer. "Ainda bem! Ufa..."
- Hoje é dia de ficar em casa sem mexer palha!
No entanto, perguntou-se porque motivo dissera o que dissera de manhã, ao acordar. E em inglês?


Recordou-se do que acontecera.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Tenho Saudades... Tuas.

Como era bom estar sentada nas escadas da minha antiga escola, pela tarde, a mirar a paisagem que, embora feita na maior parte por prédios e estradas, ainda tinha um pouco de verdura.
Vê-la só, calma; ao fundo um leve som dos carros a passar, e d'algumas aves e animais a comunicar entre si...


Como adorávamos rebolar por aquela pequena rampa cheia de relva, por onde caíamos, perdidos de riso.
Queríamos lá saber das manchas de relva...
E as tonturas que apanhávamos, mais de tanto que era o riso do que tanta que era a reboladeira...


Como adorava conspirar sobre qualquer assunto de qualquer pessoa, com a minha melhor amiga.
Dizia-se que aquele contínuo de ar estranho levava os cães para a escola depois de esta fechar.
E que casos estranhos ocorriam na escola em locais que nunca desconfiávamos.


E os mexericos.
Aquele que namorava com aquela mas afinal vimo-lo a dar um beijo leve e discreto a outra...
E aquele que andava roto, mas não era pobre, apenas se achava rebelde sendo roto.


E as humilhações que todos nos recordamos, sem sentir humilhação delas.
Sim, a situação podia ser a mais estranha e a mais embaraçadora de sempre, mas quando era contada aos amigos até nós nos riamos.
Foi o exemplo de quando estava na aula de Educação Física na minha antiga escola. Em vez de correr para a frente tive o impulso de correr para trás, e parecia uma louca a fazê-lo. Até ser ainda mais louca: a queda que dei por tropeçar nos meus pés fora fenomenal.
Qualificação de 5 estrelas!, disse-me um colega.


E aquela escola era-me única: havia muitos "cantos" por onde se escolher...
E lá dei o meu primeiro beijo. (Oh, a pessoa que mo deu...)
Tive o meu primeiro amor. (Oh, como bem me lembro de ti! A tua face... quem eras!)
As minhas primeiras amizades. (Nunca vos esqueci!)
Com elas vieram as traquinices, as rebeldias, os dramas, as vontades, as tristezas, os amores e desamores, e tudo o mais.
Havia "cantos" para tudo. Desde os namoricos às conferências sem sentido que tinha com amigos para resolver certo assunto. Ou "assembleias".
E lá era um refúgio dos olhares, ouvidos e bocas do resto do Mundo.


O dia mais doloroso não pertence aos fins de amor, nem às histórias humilhantes pelo qual passei.
Este dia pertence ao dia em que vi pela última vez a minha velha escola.
Sim, admito que chorei.
A escola iria ser renovada, e admito que sempre gostei dela assim, velha e marcada pelo tempo.
E muito do que passei ficara dentro daquelas paredes. E eu teria de deixar essas paredes.
Assim desejei que as paredes falassem, para contar a minha história aos que virão e contar-me as histórias dos que passaram.
Olhei uma última vez para os professores, amigos e colegas, e contínuos que caminharam ao meu lado.
E chorei com eles.


Agora, 6 anos depois, ainda sinto umas saudades de morte.
Tenho a leve esperança de poder regredir no tempo e, por mais parva e imatura que fosse naquela altura, voltar a reviver esses únicos bons velhos tempos.
Fui feliz. Ainda o sou, mas não do mesmo modo.
Mas quero de novo aquela felicidade.


Horácio, tenho saudades tuas.





sábado, 17 de março de 2012

Tudo Se Resume A Uma Segunda Chamada


Antes de atender a segunda chamada, ouça a primeira.



Como previsto, ele telefonou, e eu atendi.
- Boa noite.
- Boa noite.
- Tem algo em mente?
- Tenho sim. Uma vez ensinei uma senhora a sorrir.
E contei-lhe o sucedido.
- Veja bem.
- O quê?
- A sua essência. A essência dessa senhora.
- O que tem? Ensinei-a a sorrir, do modo como pude.
- É isso que admiro neste momento. E acredito admirar por muito mais tempo. Deu-me a provar um pouco da sua essência, e da essência dessa senhora. Deu-me a provar um pouco mais da essência humana. E sinto-me bem. Embora haja aqui uma ligeira diferença; eu contei-lhe uma história triste, e a senhora contou-me uma história com um final feliz.
- Relatos diferentes, mas ambos têm o mesmo propósito. A sua história acabou com uma pessoa desconhecida a procurar essências e a minha acabou com duas pessoas a viverem com um sorriso na cara. A felicidade aparente está em ambos os fins. E, em parte, sinto que fui rude do modo como o tratei ao início disto tudo.
- Oh, não se apoquente com isso. Já tive reacções muito mais negativas que a sua, pelo menos ao início. Outras, aderiram logo. Mas desses que aderiram prontamente, a maioria apenas procurava um abrigo emocional. Coisa que, infelizmente, por aqui não me compete.
Seguiu-se uma outra longa pausa, e preferi pensar que aqui estávamos ambos a meditar sobre quem somos humanamente.
Senti-me estranha com aquilo tudo. E depois disto, o que se segue?
Haverá o dia em que este desconhecido me deixará de telefonar, mais cedo ou mais tarde.
O que acontecerá até lá, e depois disso?
Com uma leve gaguez nervosa e um enorme receio, ousei perguntar:
- E agora?
- Diga?
- Estava a-a pensar... Ha-averá o-o dia e-em que i-isto acabará...
- Do que tem receio? Tem medo?
- Sim, tenho medo. E-e depois disto? E a-agora?
- Não acha que essas perguntas estão a ser feitas prematuramente?
- Lá no fundo, sei que é, é cedo para isto. M-mas estou a ser sincera.
- Ainda é cedo. Assentemos os pés na terra, e quando chegar a altura, nada será preciso dizer. Ambos o saberemos.
Dei um longo suspiro, e subitamente pareceu-me não sentir o chão sob os meus pés.
- Sente-se cansada? Já é tarde.
- Sim, um pouco. Talvez me deite.
- Agradeço ter-me contado a sua experiência. Boa noite.
- Boa noite.
Desliguei. Apressei-me a deitar, para pensar que aquilo não acontecera.

Os dias passaram, e ambos partilhávamos um pouco de essência um do outro.
Conseguimos rir, chorar, suspirar, brincar, enfim, tudo o mais.
Por fim, o silêncio. Este ditaria o fim.
Ousei dizer:
- E é isto.
- O quê?
- Tudo acaba aqui...
- Pois...
- Enfim, foi bom falar consigo.
- Espere.
- Aqui estou.
- É mesmo o fim?
- Creio que sim.
- Ou é a senhora que quer ditar o fim?
- Dei o máximo de mim, e o mesmo é consigo. E tudo sem precisarmos de dizer quem somos. Não criámos laços. Estamos independentes. Eu não ditei o fim, o fim ditou-se.
- Tem razão. É isto o fim.
- É isto o fim. - repeti.
- Espero poder ter a oportunidade de a telefonar uma vez mais.
- Não me esquecerei da sua voz.
- Sinto-me lisonjeado. Eu também não me esquecerei da sua voz. Nem da sua essência. Não direi adeus, mas sim um até logo. Gostei de a conhecer.
- Eu também gostei de o conhecer. Então até logo.
- Até logo.
E desligámos ao mesmo tempo.



Mais uns dias depois, e sentia já saudades de ter o telefone a tocar àquela hora.
Senti-me mais só que nunca.
Vagueei pela minha casa, sem saber o que mais fazer.
Sentei-me, cabisbaixa.
E quando levantei a cabeça para olhar para a frente, vi uma lista telefónica.
Peguei nela, e pensei se o deveria mesmo fazer.
Peguei no telefone, abri a lista, e comecei a telefonar.

Comecei a ser a estranha que telefonava para conhecer as essências, e a Essência.


Numa aula de Filosofia, o nosso professor mostrou-nos um episódio antigo do programa de curtas metragens "Onda Curta". Este texto foi inspirado numa das curtas exibidas. O fim e o enredo é diferente, mas mantive a personagem estranha e o seu motivo.



Tudo Se Resume a Uma Chamada

Meia-noite. O telefone toca.
Levantei-me da cama meio adormecida. Ao terceiro toque atendi.
- Estou?
- Boa noite.
- Quem fala?
Desligaram. Encolhi os ombros e fui deitar-me.

Duas noites a seguir, á meia-noite, o telefone voltou a tocar.
- Estou?
- Boa noite. Creio já ter telefonado para este número.
- Há dois dias atrás?
- Noites, para ser mais preciso.
- Ah...
- Lamento a minha falta de educação ao ter desligado.
- Eu mal o conheço...
- A boa educação não conhece pessoas.
- Ahm...
Seguiu-se uma longa pausa.
- Não se enganou no número? É que eu não o conheço...
- Não me enganei. E nem mesmo eu a conheço.
- Então porque me ligou?
- Todas as noites pego na lista telefônica e escolho um número.
- E porque o faz?
- Gosto de ouvir as experiências de vida que as pessoas levam.
- E espera que eu conte a minha vida a um desconhecido?
- E porque não? Todas as pessoas em nosso redor são desconhecidos, até mesmo aqueles que nos acompanham.
- Não vou alinhar nesta brincadeira. Boa noite.
Desliguei. Senti-me algo perturbada, não soube ao certo porquê. Deitei-me mas custou algum tempo até conseguir adormecer.

Na noite a seguir, o telefone voltou a tocar. Não atendi, e 15 minutos depois voltou a tocar.
Atendi.
- Eu desculpo-a.
- Não preciso do seu perdão. Ouça, é a única vez que lhe digo, se me volta a telefonar chamo a polícia.
- Eu ofendi-a? Ameacei-a? Fiz algo de mal para consigo?
- Não...
- Se o fiz, peço desculpa, e tem a minha palavra que não voltarei a telefonar. Sei que não me conhece,  mas nunca é tarde demais para me conhecer.
- E que interesse terei nisso?
- Sem me querer gabar, creio que poderá conhecer alguém que gosta da vida e dos mistérios que esta traz. Gosto das pessoas, e da vida, miserável ou não, que cada um de nós tem. Falo com mendigos, estrangeiros, enfim, com todas as pessoas.
- E acha que assim do nada poderei confiar em si para lhe contar a minha vida?
- Não a forço a conhecer-me. Não a forço a nada. Se quiser, desligue e prossiga com o seu dia-a-dia.
Suspirei, ainda com o telefone ao ouvido.


Escrevi o texto acima em 2011.
E está inacabado.
Como desafio, irei acabá-lo. Apesar de não saber como.


O estranho continuou.
- Aliás, não preciso que me conte a sua vida detalhadamente. Conte-me sim aventuras que passou com amigos, não preciso de saber quem são. Se quiser, eu começo.
- E se eu não quiser contar as minhas aventuras? Sabe que a escolha é minha...
- Sim, sei. Pode até mentir-me, desde que minta bem. Contar-lhe-ei uma das minhas aventuras, e se quiser conta uma das suas, ou desligue e eu não mais telefonarei.
Achei interessante, apesar do certo perigo. E disse:
- Tudo bem, comece.
- Tive uma altura da minha vida em que era muito fechado. Sempre fui sociável, mas naquela altura, fechei-me. Os meus amigos da altura preocupavam-se; levavam-me a psicólogos, terapias e tudo o mais. Tentavam-me fazer conhecer raparigas, sair à noite e até mesmo embebedar-me. Mas a tudo isso resisti. Acabei por afastar os meus amigos. O que com eu mais era chegado ficou de rastos. E numa noite, perdi-o.
Apenas me contaram na manhã seguinte. Ele estava a conduzir, e pensa-se que estava sobre efeito de drogas e álcool. Estava com uma amiga um outro amigo, mas estes sobreviveram. Ele não.
- Lamento. - disse.
- Acredito que lamente. Aqui, fechei-me ainda mais. Não saia de casa, quase que não comia ou falava. Antes de empacotarem as coisas dele e de venderem a casa, arrastei-me para lá, para ver que ele existiu. O que lhe era privado, não vi. Mas encontrei um papel com o meu nome. Desdobrei-o e ele tinha escrito o que sentia com o meu afastamento. No fim, dizia: "Se estás a ler isto, ou é porque ta darei quando recuperares, ou é porque estou morto." Estremeci. E continua: "Se ta dei, espero poder ver-te com um sorriso parvo e que digas no teu bom modo 'Eu era um parvo nesta altura!'. Se morri, espero que não fiques mal a ponto de também morreres. Ainda tens muito que viver. Quero, como último desejo (isto é, se tiver morto), que sorrias mais uma vez e te ergas. Fá-lo por mim. Fá-lo por ti!. Adoro-te amigo."
- Ohh...Deuses.
- Foi aqui que percebi que não só o ser humano tem uma essência, como cada ser humano tem a sua própria essência que o distingue do outro. E mesmo que esse ser humano morra, a essência continua a pairar, nos amigos, na família, nas coisas que ele marcou enquanto vivo.
- É por isso que liga a desconhecidos?
- Se quiser uma melhor justificação, é esta a ideal. É a sua vez?
- Não me recordo de algo que tenha vivido neste momento. Mas pode telefonar amanhã. E obrigada.
- Obrigada? Oh, não agradeça. Descanse, e boa noite.
- Boa noite.
Desliguei.

A continuação estará para vir.
Isto é, se a conseguir acabar.



quinta-feira, 15 de março de 2012

Cais das Colunas




Hoje, antes de ir para a escola, decidi fugir um pouco da realidade e refugiar-me no meu Mundo.
Fui até a um dos meus locais favoritos: o Cais das Colunas.

Estava um leve nevoeiro, não podia ver o outro lado do rio.
Vento e frio, um leve sol.
A maresia estava óptima, tal como eu gosto.
O odor era forte e contagiante; o rio estava calmamente agitado.
Nas escadas, tentei aproximar-me como pude até ao patamar que o rio beijava.

Aí, fechei os olhos,

respirei fundo,

senti o frio arrepiar-me.

Ouvi o rio ao fundo,

o seu "bruááá" constante,

as ondas que se chocam,

o seu cheiro molhado.

Abri os olhos, e vi

a luz do Sol reflectida,

o formato das ondas,

o nevoeiro que me cegava.

Era tempo de ir.
Virei costas sem olhar para trás, para o rio.
Porque olhar para trás é olhar mais uma vez para algo que nunca mais se v(iv)erá.
E eu voltarei mais uma vez ao Cais.
Voltarei ao meu Mundo.


quinta-feira, 8 de março de 2012

A Criança Não Quer Nascer




Dizem que se enchermos com água uma banheira de modo a podermos meter os ouvidos debaixo de água, voltamos a experimentar o ambiente e o modo como ouvíamos o exterior através do útero da nossa mãe.


Estava triste, e fiz esta experiência. Não foi por vontade mas sim por um momento de oportunidade.
E cheguei a uma conclusão, tão parva como eu.


O recém-nascido chora, não apenas para libertar os pulmões e respirar.
Chora porque já sabe, inconscientemente ou não, do que o Mundo é feito.
Sabe que o mundo perfeito e belo que os seus progenitores e eteceteras criaram para si vai ser um dia desfeito, e pelas primeiras vezes verá a crueldade mundial.
E perceberá que terá de ser cruel e sofrer crueldades para sobreviver.


Gradualmente, parará de chorar, pois sabe que uma vez posto no Mundo terá de se conformar com tal, até ao fim dos seus dias.


O que ajuda a este choro é o sorriso.
Os progenitores sorriem, tal como médicos e parteiras.
Aliás, todos os que sabem que este ou aquele recém-nascido veio à vida e ao Mundo sorriem.
Como se a continuidade da espécie humana fosse boa como está.
Como se se alegrassem com o futuro sofrimento dessa criança.


O que me ajudou a esta conclusão foi quando me apercebi que teria de sair da experiência.
A água fazia-me pressão nos ouvidos, e sentia-me grande demais para estar mais tempo ali.


Como disse. estava triste, e foi quando me libertei que chorei mais.


O recém-nascido sente-se incomodado com o pouco espaço que lhe resta no útero e quer sair.
Mas isso implicaria conhecer o Mundo e suas crueldades e felicidades.
Não tem outra opção...


E é aqui que penso que certo espermatozóide e certo óvulo estavam no sítio errado à hora errada.


Quando acabei a experiência, voltei a ser um recém-nascido.
Chorava e agia como tal.
Com 16 anos renasci.
E não o desejei.


Peço perdão se parecer ser anti-espécie humana, anti-vida, anti-concepção, ou anti-qualquer coisa associada à vida humana.


Mas esta foi uma das minhas reflexões.
E não a quis deixar enterrada no esquecimento.
Já que estou viva, e que aqui me puseram contra a minha vontade, aproveito.



sexta-feira, 2 de março de 2012

Corre e Vai, Nunca Lá Chegues







Eram 19h quando saí de casa e meti os meus auriculares a tocar.
Lana Del Rey, seria então. Blue Jeans.
Comecei ao início por caminhar.
Depois a andar muito depressa.
E, logo, a correr.
Corri para fugir dos meus pensamentos.
Corri para um destino inexistente.
Corri para nunca mais voltar, voltando lá.
Corri sem me cansar.
Quando dei por mim, senti-me perdida. Mas logo reencontrei-me.
Tomei fôlego, e recomecei a caminhar.
Confiante, segura, só, mas feliz.


Depois parei.
Senti o frio nocturno a arrepiar-me e a tomar conta de mim.
Respirei fundo, e agora o frio não era apenas na pele.
Mais uma vez respirei fundo, e agora um pouco de maresia podia sentir.
Sempre com a Lana a tocar. "I'll love you 'till the end of times"
Amor. Até ao fim dos tempos.
Fui então directa a um destino real, não infelizmente ao destino utópico onde queria chegar.
E isto levantou-me a certeza e questão final.




Estarei sempre só. Viverei eu algum dia?



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ouço-Te Em Troca de Um Nada











Fala.
Fala como te apetecer.
Eu apenas cá estou para te ouvir.


Eu escrevo o que me apetece.
Eu escrevo o que está em mim, para mim e comigo.
Não creio pedir algo em troca.
Apenas que me leiam. Apenas saber que sou lida.


Disse-te numa noite: "Sussurra-me ao ouvido. Não quero saber o que dirás, apenas que sussurres. Assim saberei que és uma vida e não um mero ser."
E sussurraste.


Tentei escrever um texto organizado.
E tudo o que consegui foi a minha escrita original.


São estes os pequenos desabafos de uma pequena e jovem escritora.
Porque a inspiração dos deuses não me toca, mas sim a inspiração que brota de mim.


Adeus tristeza, até depois.



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Nunca Sentiste a Dor, Sentindo-a.




A dor é essencial à vida. Será?
Estou na idade das perguntas parvas.
Estou a carregar a minha cruz, assim como todos os outros carregam as suas.
Mas, caramba, tenho de me queixar.
Todos nós, queixem-se.

Não sou imune.
Ninguém o é.
Todos somos afectados por todos.
Assim como todos somos indiferentes a todos.


Uma escrita incoerente vem de uma idiota sem solução.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Este Mar Decide



Olhei para o rio Tejo.
E pensei que o espaço que ele ocupa podia ser muito bem um espaço de prédios e casas e tudo o mais.
E onde estava eu a pisar naquele momento poderia ser onde o rio balouçava serenamente, tranquilo com a sua vida de água.
Mas o mar é que decide.
Ele decide por nós.
Nós decidimos por ele.
E é assim que giramos.






P.S: Usei "mar" em vez de "rio" algures. Achei que fosse o ideal. E não um erro.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Bliss and Rain




De facto, chove.
E há aquela ironia de, enquanto chove, uma pessoa se meter a chorar, ou mesmo a ter pensamentos negativos.
Comigo há uma mistura.




Um dia, serei eu a tirar as minhas fotos.
Serei eu a ver o Mundo através de uma objectiva.




Quem, no silêncio e no escuro, já gritou até emudecer?




A nostalgia dos anos 50...
Gosto do certo estilo de vida que se vivia, aliás, de certos aspectos.
Gosto da moda, simplesmente gosto.




Bom, acredito que a imagem abaixo possa traduzir como a admiro.



"Sou egoísta, impaciente, e um pouco insegura.
Cometo erros, estou fora de controlo, e por vezes difícil de controlar.
Mas se não consegues lidar comigo no meu pior
Então terás a certeza de que não me mereces no meu melhor."
Marilyn Monroe, faço minhas as tuas palavras.




Dizer que já fui uma pequena poetisa é gozar comigo mesma.
Creio que é por isso que acuso injustamente os poemas de serem poemas.
Odeio-os por amá-los tanto.

Mas, do que estava eu a falar?
Ah, sim, a chuva.
Chove em Lisboa.
Simplesmente, chove.
E porque falo eu de chuva?
Por um lado, falta de inspiração.
Por outro

Apeteceu-me.